TEXTOSRESENHAS

Walter Galvani e Waldomiro Manfroi dialogam sobre "Vestígios"

07 de setembro de 2015


Escreveu o acadêmico Walter Galvani:
 
"VESTÍGIOS" do escritor e médico Waldomiro Manfroi – li ontem, de ponta a ponta.
São 225 páginas desse trabalho de ficção do Manfroi a quem aliás, quero perguntar até que ponto ali tem ficção e realidade lado a lado...
Ele se puxou.
Mas, para os amigos que me acompanham tenham uma ideia do quanto o livro do Manfroi prende a gente, informo que peguei o volume que não é pequeno, tem 225 páginas, às 9h30min da manhã e, embora fazendo interrupções para o almoço e a janta, só soltei quando cheguei à última de suas páginas.
Brilhante a história, que aprisiona e você não quer largar nunca, antes de concluir toda a leitura. Foi assim que se passou comigo.
Recomendo, hein!
Comprei na Feira do Livro de Porto Alegre.
Faz parte da Biblioteca 24 horas, de São Paulo; a edição é de 2011, e a capa é da Lília Sentinger Manfroi, esposa do escritor.
É uma história inacreditável. Você começa a ler e não consegue parar. Já mandei meus cumprimentos ao Waldomiro Manfroi e estou aguardando novo livro dele. Só peço que me avise antes para que eu possa me programar: tipo assim, a partir das nove e meia da manhã até à meia noite, para concluir no mesmo dia, como fiz com o "Vestígios".
Parabéns, Waldomiro Manfroi, e cumprimentos à Lilia, pela capa.
 
Respondeu o acadêmico Waldomiro Manfroi
 
Quando li este texto do consagrado jornalista e escritor Walter Galvani, sobre meu novo romanceVestígios, viajei logo nas minhas reminiscências. E, durante o rápido percurso, perguntas e sentimentos foram se entrecruzando. As perguntas do texto foram se ancorando em tênues respostas, como o fazia a balsa de toras à margem caudalosa das águas caudalosas. O primeiro sentimento que me surgiu foi de gratidão e orgulho. Gratidão porque Walter Galvani autor premiado, de Nau Capitânia, Um Século de Poder, A Feira da Gente, Anacoluto do Princípio ao Fim e, agora, com seu magistral A difícil Convivência, diz que leu meu livro todo em um dia. De orgulho, porque afirma que leu, gostou e tornou pública sua opinião. Daí, já me surgiu a primeira indagação: por que nós escritores escrevemos livros? Foram muitos os autores que já disseram por que escrevem livros. Pessoalmente, escrevo para me desafiar a cada nova ideia. Bem, se quando chego ao fim, tenho a sensação de que não fui eu que escrevi aquele texto, é outro departamento. Se penso no leitor enquanto escrevo? Claro que sim. Penso nele para que tenha a possibilidade de reescrever sua própria história com o que está lendo. Se fico feliz quando alguém diz  que leu um livro meu e que gostou? Claro que fico, e muito. A segunda questão que Galvani levanta é sobre um tema recorrente para quem conta histórias: quanto tem de real e quanto é ficção? Dias atrás, em viagem de avião, ao ler um texto literário numa dessas revistas que se encontra à disposição, encontrei um termo que não conhecia e muito me fez lembrar na construção do Vestígios. O termo é autoficção.  De volta da viagem, procurei nos dicionários e não encontrei o termo. Fui ao nosso ajudante de plantão: google.com.br e lá encontrei o que precisava: uma análise acadêmica sobre a teoria literária autoficção. Percebi então que autoficção é usada para descrever o eu. Que pode ser empregada em fatos verdadeiros romanceados ou até autobiografias. Nas histórias doVestígios não fui protagonista. Dei voz a um narrador e ele foi montando suas histórias através dos tempos. Algumas delas eu ouvi fragmentos quando era criança, em relatos fantásticos dos mais velhos. Uma delas é a história do balseiro com toras de madeira, que desce o Rio Uruguai. Mas, nas histórias narradas pelos velhos de então sobre os balseiros, tinham começo, mas nunca tinham fim. Por isso ficaram sempre gravadas como um ponto de interrogação. Mas de onde vêm então essas histórias todas? É claro que deviam estar guardadas, por alguma razão, no meu inconsciente. Seriam elas fruto da realidade ou da imaginação? Para sabermos ao certo, precisaríamos contar com o depoimento dos protagonistas e dos narradores dos fatos: Eduardo, Flavia, Mário e Humberto. Pelo fato de os protagonistas Eduardo e Flávia só existirem no livro, não podemos contar com a ajuda deles. Com os personagens/narradores Mário e Humberto também nunca existiram. Fica para o leitor o julgamento da veracidade ou não dos fatos. Não é disso que se alimentam os romances?
Muito obrigado, Walter Galvani.   

Academia Rio-grandense de Letras

PATRONOS

CADEIRA 40

Alceu Wamosy

Alceu de Freitas Wamosy nasceu em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, em 14 de fevereiro de 1895, filho de José Afonso Wamosy e Maria de Freitas Wamosy. Es-tudou no Colégio Urugiiaianense, de sua cidade natal e em Alegrete. Jornalista desde a adolescência, Alceu Wamosy iniciou-se como redator de A Cidade em 1909 na cidade de Alegrete. Em 1911 já dirigia o mesmo.

Em Porto Alegre, foi redator, em 1915, de O Diário e A Federação. Em 1918, foi diretor em Santana do Livramento de O Republicano. Em 1923, com o início da Revolução...

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