ACADÊMICOSQUADRO ACADÊMICO
Gilberto Schwartsmann
Nasci em Passo Fundo, RS, no dia 18 de agosto de 1955. Um ano depois, minha família se mudou para Porto Alegre e aqui ficamos. Graduei-me em Medicina pela UFRGS, tendo sido orador da minha turma de formandos de 1979. Na faculdade, fui líder de duas greves importantes, por melhores condições de ensino. O meu discurso na formatura eu fiz todo em versos, poético, mas engajado, ao ponto de meu pai pedir que eu omitisse certas partes, com receio que a polícia me prendesse. E tudo acabou bem. Durante a residência médica, no HCPA, fui presidente da Associação dos Residentes. Liderei outra boa greve nesse período, para melhorar as condições de trabalho dos médicos-residentes.
Depois, em 1982, fui para Londres, Amsterdam e Estados Unidos, por cerca de dez anos, completando minha formação como oncologista, com PhD na Holanda e pós-doutorado no Instituto do Câncer dos EUA. Fiz um concurso público internacional para ser diretor da Organização Europeia para a Pesquisa e Tratamento do Câncer (EORTC), sendo aprovado em primeiro lugar e admitido. A sede era em Amsterdam. Foi um período longo e lindo, em que tive proximidade com grandes nomes da ciência, como o químico Richard Ernst, ganhador do Prêmio Nobel de Química, Andrew Schally, Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, e James Allison, também Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia.
Ao longo de minha carreira médica, fui membro do corpo editorial de várias revistas científicas internacionais em minha especialidade, como o Lancet Oncology, Annals of Oncology, European Journal of Cancer e outras. Participei, igualmente, de vários comitês nacionais e internacionais de entidades em minha especialidade, como a American Society of Clinical Oncology, a European Society of Medical Oncology e outras. Fui honrado com o título de membro da Real Academia de Medicina da Espanha. Fui reconhecido como Professor Emérito da Escola Latino-Americana de Oncologia, o que me permitiu lecionar para alunos de pós-graduação em diferentes países latino-americanos.
Retornei ao Brasil em 1994, quando iniciei minha carreira como professor da Faculdade de Medicina da UFRGS, galgando todas as posições até me tornar Professor Titular de Oncologia e Chefe do Serviço de Oncologia do Hospital de Clínicas. Publiquei vários livros, capítulos e mais de 250 artigos internacionais, com mais de 12.000 citações internacionais. Orientei cerca de uma centena de alunos de mestrado e doutorado pela UFRGS. Sou Membro Titular e fui Diretor da Biblioteca da Academia Nacional de Medicina, a mais antiga instituição cultural do Brasil e anterior à Academia Brasileira de Letras.
Tive também a honra de presidir a Academia Sul-Riograndense de Medicina. Fui membro do Conselho Universitária da UFRGS. Há alguns anos, tive a grata honra de ser incluído na lista dos cinco mais produtivos pesquisadores da faculdade de medicina da UFRGS, através de um sistema internacional de avaliação de produtividade acadêmica publicado pela Universidade de Stanford, nos EUA. Recebi o Prêmio de Destaque em Pesquisa pela FAPERGS e várias distinções em minha especialidade. A coisa mais linda que me aconteceu neste período como docente foi quando, há cerca de 12 anos, o Centro Acadêmico Sarmento Leite, dos alunos da Medicina da UFRGS, criou um Prêmio de Pesquisa Anual, para alunos da graduação, o qual leva o meu nome. Isto me trouxe enorme orgulho e felicidade.
Sempre me envolvi com a cultura e as artes, desde criança. Toco piano e escrevia peças teatrais durante a faculdade, algumas encenadas. Tenho oito livros publicados, dois deles traduzidos para o espanhol e para o francês, e um terceiro com tradução para o espanhol, que será lançado em setembro de 2023, na Argentina. Escrevi uma peça teatral, intitulada Gabinete de Curiosidades, que foi encenada no Theatro São Pedro e depois no Teatro Sesc Paulista, em São Paulo.
Escrevo crônicas e ensaios periodicamente nos jornais Zero Hora e Correio do Povo. Fiz algumas curadorias literárias, um delas sobre "Os Cem Anos da Semana de Arte Moderna de 1922", na Casa da Memória; fiz a curadoria da mostra "Caminhos de Proust", na Biblioteca Pública; e em agosto próximo farei a curadoria de uma mostra sobre o meu acervo de obras raras e primeiras edições na Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro. Tenho uma biblioteca de cerca de 8000 livros e um acervo de primeiras edições e obras raras de cerca de 500 obras, muitas delas anteriores ao ano de 1800.
Fui Presidente da Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul por vários anos; presidi a Associação do Teatro São Pedro, hoje presido o seu Conselho; presidi a Associação da Biblioteca Pública e hoje sou seu vice-presidente; presidi a Bach Society Brasil; e hoje presido a OSPA. Sou do Conselho da Fundação Iberê Camargo e Patrono do Instituto Zorávia Bettiol.
Ao longo dos últimos anos, tenho emprestado meu tempo, trabalho, amor e entusiasmo há vários projetos artísticos e culturais, os quais me trouxeram o reconhecimento como Cidadão Honorário de várias cidades, como Porto Alegre, Canoas, Nova Petrópolis e Barra do Ribeiro, no Brasil; e Viña del Mar, no Chile.
No campo da cultura, recebi a Medalha do Mérito Farroupilha, pela Assembléia Legislativa do Estado do RS; a Medalha Simões Lopes Neto de Destaque Cultural, pelo Governo do Estado do RS; a Medalha de Destaque Especial na Cultura, pela Associação Riograndense de Imprensa; o Troféu Açorianos Especial de Artes; o Troféu Açorianos Especial de Literatura; o Prêmio de Personalidade do Livro, pela Câmara Riograndense do Livro.
Minha trajetória de médico, docente e pesquisador tem se cruzado - para meu deleite - com a minha paixão pela cultura e pela arte, em especial a literatura. Participei de atividades literárias muito interessantes, como por exemplo o projeto "Poesia na Rua", em que o ator José Adão Barbosa e eu mantivemos uma atividade semanal, por longos meses de pandemia, e que consistia em recitais de poesia em frente dos prédios públicos de nossa cidade.
Participei como palestrante em discussões na Feira do Livro de Porto Alegre, coordenei alguns seminários conjuntos da Academia Nacional de Medicina com a Academia Brasileira de Letras, sobre Medicina e Literatura e as sessões de entrevistas mensais da Associação da Biblioteca Pública, em conjunto com o acadêmico Rafael Jacobsen.
Por fim, fiquei muito honrado com a minha eleição na Academia Rio Grandense de Letras, algo que sonhei, mas jamais imaginei conquistar.
Sou casado há 40 anos com Leonor, a mulher que eu amo e que admiro, médica e historiadora, dirigiu o Memorial do Rio Grande do Sul e o Museu da História da Medicina. Tenho dois filhos - Laura, que é arquiteta, e Guilherme, advogado e produtor de cinema. Laura me deu Guilherme, meu netinho e razão de meu viver.
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