ACADÊMICOSQUADRO ACADÊMICO
Aquiles Porto Alegre
(por Leandro Silva Telles)
Nasceu Aquiles Porto Alegre na cidade do Rio Grande, em 29 de março de 1848, vindo menino para esta mui "leal e valorosa" cidade de Porto Alegre, tornando-se poeta, cronista e historiador.
Sua obra "ILUMINURAS" introduziu o "PARNASIANISMO" entre nós, segundo o professor GUILHERMINO CÉSAR. Característica de suas poesias e das crônicas é o "fatalismo", o acontecimento funesto.
Nosso saudoso confrade e amigo, PEDRO LEITE VILLAS-BOAS, menciona em sua magistral obra "NOTAS DE BIBLIOGRAFIA SUL RIO-GRANDENSE", 21 obras de Aquiles Porto Alegre, que denotam duas facetas do autor: cronista e historiador entrela-çando-se as duas: o pesquisador vê-se em dificuldades em limitar onde começa uma e termina a outra. Na verdade, ele fez história em crônicas, onde verbera os costumes e descreve os fatos. Anualmente, aparecia a verdade em suas obras, pois cada ano publicava uma. Jamais publicaria uma "História Gerar. Sua história: fragmentada em biografias de seus "heróis", imortalizados nos "Vultos e Fatos do Rio Grande do Sul" (1919), "Homens ilustres do Rio Grande do Sul" (1916) (obra que estampa à página 289 a biografia de meu trisavô paterno Brigadeiro OLVERIO JOSÉ ORTIZ, que, apesar de general do IMPÉRIO, foi chefe farrapo e deputado na Assembléia Constituinte de 1842 no Alegrete), "Homens do Passado" (1922), até os obscuros habitantes das vielas e becos de PORTO ALEGRE da segunda metade do século XIX. O destino dessas criaturas, "sua personalidade": "Não me quedo no colorido exterior: procuro penetrar na psicologia dos seres e objetos vistos", afirma.
O principal objeto de seu estudo: esta de Porto Alegre é o alvo de suas atenções onde se desenrolam os fatos para sua pena, verdadeira máquina fotográfica do passado, segundo o poeta ZEFERINO BRASIL. Descreveu tudo: as ruas, os tipos que nela habitaram; seus hábitos e segredos. Também, na sua crônica se sucedem: os chafaries, os sistemas de transportes, a vida nos cafés! Os tipos populares (o MIL ONÇAS que morava nas bandas do RIACHO, um chato de quem todos fugiam); os jogos de outrora, a "sapata", a "bola", o "meu boi fugiu'''..., os ternos de reis, as serenatas, as cavalhadas. Dos aspectos que o tornam um pioneiro:
- Foi o primeiro a chamar a atenção para o problema da ecologia: um JOSÉ LUTZENBERGER daqueles tempos; o campo da REDENÇÃO não deveria ser retalhado "para a cidade conservar seus pulmões verdes";
- Defensor primeiro, do nosso patrimônio histórico: "as cidades ao passo que aumentam, enriquecem e ganham beleza, destroem grande parte das relíquias queridas ao nosso coração..." Derramou lágrimas quando destruíram a velha MATRIZ construída pelo capitão MONTANHA: "150 anos de crônica da cidade e da vida dos nossos avós feitos destroços".
- Foi um dos pioneiros a cuidar do problema social: o destino das classes menos favorecidas o preocupava.
- Numa época em que ninguém pensava no brocardo latino "mens-sana in corpore sano" propugnara pela disseminação dos esportes e da ginástica, da natação e dos passeios velos campos.
- A grande contribuição literária para o Rio Grande: foi o primeiro a mencionar "CORPO SANTO era o nome de uni velho professor JOSÉ JOAQUIM LEÃO CORPO SANTO (sic)...foi homem de certo valor e representação". Abriu caminho para o futuro! Para os que, futuramente, mostrariam o "precursor do teatro do absurdo!".
Era um admirador incontestável da Alemanha e seu povo, dedicando um capítulo de sua "PROSA ESPARSA" (1925) ao príncipe de Bismarck o grande Chanceler, que unificara a Alemanha, antes dividida em pequenos principados e reinos.
E, finalmente, como jornalista, foi proprietário do "JORNAL DO COMÉRCIO" e da "NOTICIA".
Faleceu em Porto Alegre, em 21 de março de 1926, deixando um imenso Patrimônio moral e cívico.
É considerado defensor do Patrimônio Histórico e do Meio Ambiente.
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