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Quem não nasceu para ser líder... - Heino Willy Kude
30 de novembro de 2014
Pois, no meulivro Será que Freud Explica explica?, expus uma possível classificação dos seres humanos conforme a atividade e função que exerciam há milhares de anos na pré-história no pequeno clã dos seres humanos primitivos. Tínhamos dois troncos de classificação: Os que foram programados para exercer uma função bélica e outros, para uma atividade pacífica. Podendo ser tanto líderes como seguidores temos então quatro tipologias, a saber: Líder em tempos de paz, líder dos guerreiros, guerreiro e trabalhador de índole pacífica. No que tange à inteligência prática, os guerreiros conseguem ser acima de tudo, mais perspicazes que os de índole pacífica, mais no que concerne a conhecimentos teóricos – devido ao trabalho incessante e paciente que exige o estudo – os pacíficos são os favoritos.
Nós o sentimos intensamente, ao estarmos perante um líder natural. E conforme o comportamento de uma pessoa que sentimos der ser inferior a nós em termos de avaliação instintiva pré-histórica – do que não nos livramos ainda – nossa reação consegue ser deplorável na base de o que ele me diz está certo, mas não posso dar razão a ele. Se, por uma circunstância qualquer surge essa que se fique na condição de subordinado administrativo, só com relutância se obedece, preferencialmente recusa-se a obedecer, mesmo que nada consigamos apor de racional à ordem emitida ou se por cima dispormos uma certa posição dizer enfaticamente: Não servireisob as ordens do general... Eis o que teria dito depois da devastadora – para a França na guerra franco-prussiana de 1870/1871 – batalha de Sedan, o general Louis Jules Trochu, quando o colocaram sob as ordens do general August-Alexandre Ducrot.
Antes de entrar na análise dos episódios, vamos analisar os fatos de ordem psicológica. Temos que nos conhecer a nós mesmos a fundo. Acima de tudo, é preciso descobrir se fomos programados para sermos líder ou não. Isso teoricamente é muito fácil: No momento que assumimos nem que provisoriamente um comando, observemos a reação. Claro é que racionalmente podem as pessoas chamar a atenção para eventuais erros de avaliação de uma situação que nós – seu chefe - podemos cometer, porém se tais reações naturais, racionais e aceitáveis são acompanhadas por risos ou manifestações crivadas de palavras até certo ponto ofensivas e caso formos obrigados a recorrer ao grito e ameaças, podemos ter certeza de que não nascemos para sermos um líder. Nesse caso, não se deve aceitar qualquer cargo de síndico do edifício em que moramos. O resultado é estresse em dose dupla. Perguntadas as pessoas pela razão da oposição, alguns dizem que não comandava como seria de se esperar e outros dizem que queria impor a ferroe fogo. É triste que a situação seja subordinada a essa realidade, pois o quanto resulta daí que líderes incapazes conseguem ser aceitos por subordinados e quanta gente capaz, não consegue ver suas idéias ver serem debatidas honestamente, quanto menos, concretizadas. Parece ser algo que confirma o que sempre afirmo: Ainda somos animais! E isso eu digo, mesmo sendo um dos maiores críticos da razão, pois, acima de tudo é impossível reunirmos todos os conhecimentos necessários para servir de premissa para sermos racionais. Creio que isso que aqui afirmo, seja da autoria de Immanuel Kant e não da minha.
Pois vamos falar do que ocorreu na batalha de Sedan em que o exército francês foi derrotado fragorosamente pelo exército alemão comandado por Helmuth von Moltcke que ao contrário do comandante francês era um estrategista pensador e calculista. O duque de Magenta, marechal Patrice Mac-Mahon por sua vez era um comandante corajoso, capaz de comandar uma carga de cavalaria à frente de todos os seus soldados, desembainhando a espada. O imperador Napoleão III, ao contrário do seu grande tio Napoleão I não se envolvia em questões militares. Seja me permitido só citar uma curiosidade: A França tivera dois imperadores em sua história. O primeiro falava com sotaque italiano, o segundo, com sotaque alemão. Ele conseguiu muito em seus dezoito anos de reinado no que concerne a uma modernização de Paris e um fato interessante a citar: a ele se deve a existência da margarina, pois preocupado com o preço da manteiga que as camadas pobres da França não conseguiam adquirir, mandou pesquisar a viabilidade do fabrico de um produto similar. Participou de várias guerras e pelo menos na guerra de 1870 se abstinha de comandar.
Mas numa reunião antes da batalha, quando os exércitos estavam se preparando para a grande refrega, o imperador perguntou a Mac-Mahon a respeito da perspectiva ao que este respondeu ver tudo com bastante otimismo. O general Ducrot discordou e disse que o exercito francês estaria em vias de ser cercado. O estado maior riu. O general Ducrot era o único comandante que sempre levava consigo um mapa da região e disse que as posições ocupadas pelos alemães apontava nesta direção. Quando algum tempo depois Mac-Mahon fora ferido, nomeou o general Ducrot comandante em chefe do exército, o que o imperador confirmou. Mas para desgosto de Napoleão III – já cansado das inúmeras retiradas - o novo comandante mandou tomar providências para uma retirada estratégica. O general Emanuel Félix de Wimpffen em pleno desacordo com essa estratégia, depois fez ver ao imperador que o ministro da guerra conde Palikao já o nomeara antes substituto de Mac-Mahon. O imperador respirou aliviado, dizendo que o sempre vitorioso general iria vencer. E Wimpffen anulou a atual todas as determinações de Ducrot. Este por sua vez pediu uma conferencia reservada, da qual como testemunha participara tão somente o ajudante de ordens de Wimpffen. Ducrot mostrou no mapa o que estava ocorrendo, porém Wimpffen não lhe deu ouvidos, sem nem olhar para o mapa. E a batalha seguiu. No fim da mesma o exército da França se encontrou cercado num bolsão dentro de terras mais baixas sendo o planalto dominado pela artilharia alemã. Nesta situação só restava uma saída. O imperador Napoleão se entregou e com ele um exército de cento e quatro mil homens. O general Ducrot conseguiu em cavalgada memorável sair do campo de batalha, evitando destarte de ser aprisionado. Existe outra versão, segundo a qual teria sido aprisionado, mas conseguiu evadir, transvestido de operário.
O general Wimpffen fora feito prisioneiro, sendo levado a Stuttgart, onde inicialmente escrevia cartas, afirmando que, percebendo estar perdida a batalhar queria em companhia do imperador com os soldados restantes romper as linhas alemãs, mas que o imperador discordara. Depois da guerra publicou uma monografia sobre a grande batalha: Sedan, par le général de Wimpffen. Ducrot o contestou em publicação de sua autoria: La journée de Sedan par le général Ducrot.
O título da tréplica me impressionou e confirma o quanto está certo o que eu disse: Réponse au général Ducrot par un officier supérieur.Sem conhecer melhor as circunstâncias, baseando me tão somente na publicação intitulada Dies Irae que é o relato de autoria do ajudante de ordens e afilhado - pessoa insuspeita, caso efetivamente acontecido (*) - do general Wimpffen, este já teria notado sinais de arrogância no rosto do general. É evidente e já abordei o assunto que o general Ducrot possa não ter tido a capacidade desejável para o comando, mas se o relato corresponder à verdade seria mais um rejeitado cuja opinião não fora ouvida, resultando numa débâcle terrível para a França. Creio que milhares de desastres na história do mundo poderiam ter sido evitados, se na hora certa teriam ouvido o conselho de um homem ou uma mulher inteligente, mas que no fundo se desprezava. O desprezo causado pelo fato de na pré-história hierarquicamente ser seu subordinado que não teria capacidade suficiente de comandar um ataque a um predador que estava em vias de agredir o clã, no qual vivera. É evidente que no ano 1.000.000 a.C. não era possível aceitar um conselho certamente tolo...
(*)Fonte consultada: O escritor e critico literário Karl Bleibtreu escreveu uma série de livros a respeito da guerra franco-alemã de 1870/1870 entre os quais Dies Irae – memória de um oficial francês. O livro foi escrito ao redor de 1899. Escrito cerca de trinta anos depois do acontecido pode seu conteúdo ser considerado polêmico.