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História Cultural, Literatura e Cinema - Moacyr Flores
07 de junho de 2015
A história cultural tem como objetos de estudo a literatura e as artes, que nos permitem captar o imaginário e as mentalidades de uma sociedade. A literatura e o cinema são fundamentados na narrativa que reproduz os modos de agir, as idéias, os valores, os costumes, os símbolos, o cotidiano e as relações sócio-culturais da época dos autores. As narrativas possuem métodos e técnicas diferentes embora tratando de um mesmo tema ou focalizando o mesmo testemunho do passado. A literatura e o cinema elaboram a memória de um povo, preenchendo as lacunas com a criatividade em busca de uma representação da vida e dos sentimentos dos personagens.
Roger Chartier afirma que “a obra só adquire sentido através das estratégias de interpretação que constroem suas significações” e que a interpretação do criador não encerra toda a verdade. (Chartier, p. 52-53).
Jacques Le Goff considera que o fato histórico tem “provocado o reconhecimento de realidades históricas negligenciadas por muito tempo pelos historiadores”. Assim a história cultural é a história das concepções globais da sociedade. (Goff, p. 11).
Quando o literato aborda o imaginário de uma determinada época passada, deve-se comparar o imaginário com a ideologia e as crenças da época do autor. O mesmo ocorre com a história das estruturas mentais comuns de uma categoria social, grupo social ou época, que têm suas maneiras próprias de agir nas relações familiares, no trabalho, nos rituais, nas ações políticas e na maneira de ser.
Marc Ferro, ao analisar o filme como documento da história, comprova que os documentários e jornais cinematográficos são pretensas representações da realidade, “são selecionáveis, modificáveis, transformáveis porque se reúnem por uma montagem não controlável, um truque, uma falsificação”. (Ferro, p. 201-202).
Tanto a história como a literatura também sofre uma montagem e, muitas vezes, um truque que mascara a realidade. Como estudar um filme de época? Em primeiro lugar devemos associá-lo a quem o produziu, depois à época em foi realizado para saber quais são as intenções do argumentista, do roteirista e do diretor. Quais são as idéias contidas na obra literária e quais os referenciais históricos?
Considerando que Érico Veríssimo criou a personagem literária Ana Terra, que muitos leitores consideram como modelo da mulher sul-rio-grandense, creio ser necessário examinar o imaginário e as relações sócio-culturais existente no século XVIII, em confronto com o filme Ana Terra, de Durval Garcia, produzido em 1972, que apresenta novas interpretações do capítulo homônimo de O Continente. Érico é um mestre da palavra e da criação de imagens literárias e Durval conta com as imagens produzidas por Hélio Silva. Tanto o romance como o filme são obras de imaginação e ambos recriam uma memória apoiada nas crenças, folclore, preconceitos e, principalmente na idealização por parte de seus autores. Como a realidade da sociedade rural do Rio Grande do Sul de 1777, é representada na obra ficcional de Érico Veríssimo e nas imagens do filme de Durval Garcia?
Creio que uma comparação entre as duas obras nos permite reconstituir uma história cultural da época desses autores, pois o passado ao ser reconstruído como memória de um povo sempre apresenta falhas e lacunas, até mesmo na História. Há uma idéia corrente de que um romance ou filme de época é histórico, o que raramente acontece pelo fato de os escritores desconhecerem a vida cotidiana, os hábitos, as crenças, as religiosidades, as idéias, a maneira de agir da época em que se passa a ação do romance ou do filme. Tanto o literato como o diretor de arte do filme deveriam se aconselhar com historiadores, etnógrafos e antropólogos, para evitar os anacronismos, como personagem ou figurante tocar determinado instrumento musical que ainda não foi inventado, ou usar idéias próprias do século do autor numa época passada.
Não pretendo desvendar os efeitos cinematográficos e nem fazer uma crítica literária, busco apenas estabelecer a relação da criação de uma memória, através da literatura e do cinema com a realidade sócio-cultural do século XVIII, época em que se passa o drama de Ana Terra.
Ana Terra, personagem de Érico Veríssimo, mora com os pais e dois irmãos num rancho de chão batido, com parede de taquaras tramadas, rebocada por barro e coberto por capim, na vastidão do campo. A família já fora atacada por bandidos e por castelhanos, ocasião em que as mulheres se esconderam no mato. Um estranho era sempre recebido com desconfiança. Os Terras são oriundos de Sorocaba e todos analfabetos.
Na sanga, onde fora lavar roupa, Ana Terra relembra a passagem de Rafael Pinto Bandeira, que parou com seus homens e comeu churrasco, bebendo leite numa guampa, junto ao rancho. Ana estava perturbada no meio de tantos homens barbudos e sujos. Rafael acha a moça bonita e que é perigoso tê-la naquele descampado. Maneco Terra retruca que no rancho há três homens e três espingardas para defender a moça. (Veríssimo, p. 37-38).
De acordo com as normas de relacionamento social, do século XVIII, a mulher ficava confinada num cômodo e não iria para o meio de homens estranhos, ainda mais com guerrilheiros mestiços como os de Rafael Pinto Bandeira. O autor tem razão quando descreve o rancho em que vive a família Terra. O Conde D´Eu em sua viagem ao Rio Grande do Sul, em 1865, acompanhando a comitiva do Imperador D. Pedro II, descreve o mesmo tipo de habitação dos estancieiros e o isolamento que as famílias viviam no meio da Campanha. Informa também que no rancho de um viúvo, as três filhas analfabetas permaneceram na cozinha durante a refeição do Imperador. (Conde D´Eu, p. 55).
No entanto, Saint-Hilaire, em 1820, refere-se que as mulheres nunca se escondiam à aproximação de forasteiros e que não se furtavam de conversar com os homens, possuindo maneiras delicadas e um tom distinto, embora em Porto Alegre não houvesse vida social. (Saint-Hilaire, p. 21 e 46).
O filme de Durval Garcia foi rodado em Cruz Alta, em local de paisagem diferente da imaginada por Érico Veríssimo. O rancho cenográfico é de paredes de costaneiras, isto é de pranchas de madeira bruta colocadas na vertical. O filme começa com os homens da família Terra preparando charque, enquanto Ana Terra, vestida com roupa masculina, capina perto da mangueira de varas. Esta liberdade cinematográfica da indumentária de Ana Terra está em desacordo com o título 34, do livro quinto das Ordenações Filipinas, que reproduz lei de 1582. A pena era degredar a mulher para Castro-Marim e o acusador receberia dois mil réis pela denúncia. (Ordenações, Livro 5º, p. 1184).
Além das Ordenações, a Teologia Moral do século XVIII considerava o uso de roupas do sexo oposto como pecado. Maneco Terra, sendo tão conservador conforme o perfil traçado por Érico, não permitiria que sua filha se vestisse de homem.
No filme, os Terras vêem fumaça no local da casa da família Pereira, vizinhos distantes. As mulheres são levadas de carreta até um capão e os homens seguem até o local. Quando Maneco Terra examina os corpos dos escravos e peões mortos, é aprisionado pelos homens de Rafael Pinto Bandeira. Maneco leva o caudilho até o capão onde estão escondidas as mulheres. Um soldado arremessa as boleadeiras em Ana, mas elas se enleiam no tronco de um arbusto. Ela pega as boleadeiras e atira-as nas pernas do soldado, que tomba sob as risadas dos companheiros. Logo após há um churrasco e um homem dança a chula ao som de uma acordeona, que ainda não tinha sido inventada em 1777, época da ação do filme e do romance. Esta seqüência não existe no romance.
Outra licença poética de Durval Garcia é a chegada da carreta trazendo as mulheres da família Pereira que foram violentadas pelos “orientales”. Ana se revolta e discute asperamente com os irmãos o fato de os homens terem seguido os inimigos, deixando as mulheres no mato, dando oportunidade aos “orientales” de violentarem-nas. No romance os homens de além da linha da fronteira são denominados de castelhanos.
A mulher não possuía voz, nem podia enfrentar a autoridade paterna, tinha que ser submissa desde criança, na mesma situação de escrava. O filme cria uma Ana Terra com atitudes de desrespeito à autoridade dos homens da família, o que seria totalmente incoerente com a situação da mulher no século XVIII.
O índio Pedro Missioneiro, ferido, é acolhido pela família Terra
Retornando ao romance de Érico Veríssimo, Ana Terra continua sua caminhada até a sanga, levando um cesto de roupas para lavar. Assusta-se ao ver um homem, de braços abertos, caído de borco na margem da sanga. Volta correndo para avisar o pai e os irmãos, refugiando-se com a mãe, Dona Henriqueta, dentro da cozinha. Maneco e os filhos Antônio e Horácio trazem o índio ferido para dentro de casa, jogando-o sobre um catre. Maneco manda um dos filhos aquecer a faca para tirar o chumbo do ombro do índio que é chamado de animal. No romance, Veríssimo, descreve o constrangimento e quase repulsa da moça ao olhar para o torso nu de um homem desconhecido. O filme segue as cenas descritas pelo romancista, com pequenas alterações nos diálogos.
Tanto no romance como no filme há falas sobre o perigo de pessoas desconhecidas chegarem até a casa, no entanto, nas duas obras o índio ferido é levado para dentro do rancho, quando o mais certo seria colocá-lo no galpão, afastado do abrigo da família.
Érico Veríssimo descreve com sutileza a solidão e a tristeza que provocam o despertar da sexualidade de Ana Terra por Pedro Missioneiro que, além de ser exímio peão, tocava música numa flauta e esculpia em madeira. A jovem mulher se deixa levar pela música, que lhe desperta desejos pecaminosos:
Sentiu então uma tristeza enorme, um desejo amolecido de chorar. Ninguém ali na estância tocava nenhum instrumento. Ana não se lembrava de jamais ter ouvido música naquela casa. (Veríssimo, p. 44).
O irmão Antônio vai de carreta a Rio Pardo, levando feijão e milho. Na volta conta sobre as cavalhadas, do entrudo, do fardamento dos militares, do conforto das casas assoalhadas, do baile e dos vestidos das moças. Diz que dançou a noite inteira com uma moça chamada Eulália. Maneco Terra desaprova, pois não confia em moças da cidade.
O tempo e o vento vão passando e cada vez mais Ana Terra sente-se mal com a música de Pedro Missioneiro, que parece que toma conta de seu corpo. Na hora da sesta, de uma tarde quente ela vai até a beira da sanga, deita-se e puxa a saia acima dos joelhos. Pedro Missioneiro aproxima-se e ela aperta os lábios para não gritar. Ela se entrega ao missioneiro e dias depois sente nojo e constrangimento diante do índio e tem medo que os familiares descobrissem o que aconteceu. Ana Terra passa a se encontrar com Pedro Missioneiro todos os dias na sanga, na hora da sesta. Descobrindo sua gravidez, a moça convida o índio para fugirem, mas ele diz que é demasiado tarde e que teve a visão de sua morte.
No filme de Durval Garcia é Ana Terra que procura se encontrar com o índio, na busca da água, no galpão onde ele mora e cinzela uma madona em madeira, junto a um forno de chão onde ele queima imagens do presépio, num jogo de sedução. Depois de tantos olhares e encontros a sós, Ana Terra, numa tarde de calor sufocante, vai até a sanga onde se banha nua, numa cena erótica típica dos filmes da década de 1970, quando chega Pedro Missioneiro. Ela passa a se encontrar com o índio no galpão, dizendo que não tem vergonha do que faz, ao contrário da personagem de Veríssimo.
No romance, Henriqueta descobre os encontros furtivos e a gravidez da filha. As duas conversam sobre o que fazer. Maneco escuta tudo e dá ordens para os filhos matarem o índio. Maneco considera a filha como morta e enterrada enquanto os irmãos tratam Ana Terra com aspereza. Nasce Pedrinho e a avó Henriqueta corta-lhe o umbigo com a tesoura de podar. Horácio vai para Rio Pardo e casa com a filha de um açoriano tanoeiro e se estabelece com uma venda, onde comercializa cachaça e rapadura. Antônio casa com Eulália e vem morar num puxado.
O tempo passa marcado pelo vento e pela floração da natureza. Henriqueta morreu e foi velada em cima de uma mesa.
“Ana não chorou. Seus olhos ficaram secos e ela estava até alegre, porque sabia que a mãe finalmente tinha deixado de ser escrava”. (Veríssimo, p.55).
No século XVIII a mulher tinha a função de ter filhos, educá-los e cuidar da casa, pedalar a roca para fiar, cozinhar, enfim cuidar dos homens da casa. Altas horas da noite o barulho da roca toma conta do rancho, a finada continuava trabalhando mesmo depois de morta.
Maneco Terra compra escravos e depois traz sementes de trigo de Rio Pardo. Com o plantio de trigo Maneco realiza seu sonho e se reconcilia com o neto. Veríssimo coloca no romance a importância do trigo como base de alimentação da época e de sonho todo agricultor de ter o seu próprio pão. Até 1830 o trigo produzido no Rio Grande do Sul era exportado para o Rio de Janeiro e Salvador, depois veio a concorrência da farinha norte-americana que, pelo fator climático, chegava antes nas praças de comércio, não deixando comprador para o trigo rio-grandense. A ferrugem, uma espécie de mofo nos grãos, contribuiu para o abandono da cultura. Para evitar a ferrugem, cada manhã os plantadores pegavam uma corda ou uma longa tira de couro, um em cada ponta, passavam na base da espiga para derrubar as gotas de orvalho acumuladas durante a noite. Veríssimo, ao relatar o costume dos plantadores de trigo, mas troca o sereno pela geada.
Depois da colheita do trigo, um tropeiro que passa pela fazenda avisa que um bando de castelhanos está atacando as estâncias, matando os homens e estuprando as mulheres. Maneco resolve esperar o ataque, que não vem nos próximos dias, mas o inevitável acontece, os bandidos castelhanos atacam. Pedrinho, Eulália com a filha no colo, mulher de Antônio, se escondem no mato. Ana Terra prefere ficar no rancho, para que os bandidos não procurem mulher escondida. Os bandidos matam Maneco e Antônio, violentam Ana Terra e depois vão embora levando o trigo, as carretas e os animais, deixando o rancho destruído. Ana Terra se sacrifica para salvar a cunhada e o filho.
Um comboio de carretas passa pelo rancho, rumo à região de Missões, onde o coronel Ricardo Amaral está dando lotes de terra para fundar um povoado, Santa Fé. Ana e a cunhada Eulália juntam-se aos migrantes viajando de carreta. Chegam à estância do coronel Amaral e Ana se estabelece com o filho num rancho.
A ação do romance se passa no tempo da conquista das Missões, pois Veríssimo se refere ao recrutamento por ordem do governador Veiga Cabral. O filho Pedro é convocado, Ana pede ao coronel Amaral para que não leve o rapaz, que está para casar. O coronel diz que Pedro deve apenas dormir com a moça, pois partirão depois de dois dias. Ana sai com medo do coronel, ruminando seus pensamentos que só os grandes têm vantagens com a guerra, ganham terras e medalhas, enquanto os pobres nada recebem. As mulheres esperam seus homens que partiram para a luta.
Eulália se junta a um viúvo que não partiu para a guerra porque lhe faltavam dedos na mão direita. Ana Terra fica no rancho, fiando na roca e falando sozinha. Depois de um ano apenas vinte homens retornam, mais da metade morreu em combate no Passo das Perdizes, inclusive o coronel Ricardo Amaral, ficando o filho Chico Amaral como dono das terras. Depois de dois anos, o major Chico Amaral consegue do administrador de São João Batista a licença para fundar um povoado.
Embora a imaginária rancharia de Santa Fé estivesse em território missioneiro, o administrador de um dos povoados missioneiros não tinha autoridade para conceder licença para fundar um povoado. A licença deveria vir do governador e, para a construção da capela, a licença seria dada por decreto eclesiástico do bispo do Rio de Janeiro.
O episódio Ana Terra termina com nova guerra, com a invasão da Banda Oriental do Uruguai pelas tropas de Dom Diogo de Souza. Pedro parte para a guerra, junto com os homens do povoado. As mulheres ficam aguardando o retorno de seus homens. Ana Terra associa as coisas importantes de sua vida com o vento, que estabelece ligação com a memória, pois “noites de vento, noites de mortos” marca as horas vazias de uma existência feminina sem sentido.
Paradoxalmente Ana Terra, que era filha de estancieiro, abandona a terra e vai viver como agregada na estância dos Amarais, à espera da construção do povoado de Santa Fé. Mulher pobre e humilde, sobrevive atendendo partos e fiando na roca que pertencera à sua mãe. O filho Pedro cresce como agregado fazendo parte dos guerreiros do estancieiro. Luta porque é mandado, porque deve obrigações ao dono da terra, mesmo quando recebe um lote como povoador de Santa Fé. O estancieiro vai à guerra para receber como recompensa mais terras e mais honrarias. As mulheres pobres sobrevivem num mundo de tormentos, restando a memória, simbolizada na tesoura de Ana Terra, que ela corta o umbigo dos nascituros e que passa para sua neta Bibiana: as mulheres trazem a vida enquanto os homens buscam a morte num mundo sem sentido.
Érico Veríssimo criou uma personagem simbólica que conduz à reconstrução de uma memória do povoamento e colonização do Rio Grande do Sul, que leitores consideram como plenamente histórica, inclusive alguns procuram saber quando Ana Terra viveu e onde se situava Santa Fé no espaço sul-rio-grandense, pois na narrativa há referências a acontecimentos históricos. Confrontando o imaginário simbólico do autor com a realidade de uma história social, teremos uma ligação com o passado através da reconstrução literária da memória, com dados selecionados que preenche lacunas da lembrança, conforme os conhecimentos do autor. Portanto, nem Érico Veríssimo e nem Durval Garcia apresentam uma “história falsa” do Rio Grande do Sul, apenas reconstruíram uma sociedade simbólica do passado, de acordo com as mentalidades da época em que realizaram suas obras.
O importante é que estes personagens simbólicos e a reconstrução de uma memória coletiva, através da literatura e do cinema, fazem parte de apropriação de imagens de um tempo idealizado do passado e que serve como testemunhos referenciais da identidade de um povo.
Bibliografia
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SAINT-HILAIRE, Auguste. Viagem ao Rio Grande do Sul. Porto Alegre: ERUS, 1987.
VERÍSSIMO, Érico. Ana Terra. In O Continente. Porto Alegre: Globo, 1985, p. 37 a 74.
Filmografia:
ANA TERRA, de Durval Garcia, Brasil, 1972.
Diretor: Durval Garcia. Atores: Rossana Ghessa (Ana Terra), Geraldo D´El Rey (Pedro Missioneiro), Pereira Dias (Maneco Terra), Vânia Elizabeth (Henriqueta), Naide Ribas (Eulália), Antônio A. Fagundes, Carlos Castilhos.
Fotografia: Hélio Silva.
Música: Carlos Castilhos.