TEXTOSENSAIOS

Médicos Escritores: Uma longa e contínua tradição - Waldomiro Carlos Manfroi

26 de novembro de 2014


Para seguir a linha do título: “Médicos Escritores: uma longa e contínua tradição”, esta síntese será apresentada, dando um caráter cronológico ao aparecimento das publicações dos autores médicos, independente de sua nacionalidade. Os nomes foram aqui incorporados pela lembrança dos livros que li, pela pesquisa que realizei e por informações de amigos sobre obras publicadas por médicos escritores que, de alguma maneira, deixaram registrados seus nomes por terem e têm demonstrado continuidade na produção de textos de ficção. As razões pelas quais desenvolvi esta pesquisa estiveram relacionadas à necessidade de atender a um convite que me foi formulado pelo escritor e jornalista Marcelo Spalding, para participar de uma mesa redonda sobre o tema deste título, realizada em 31 de julho de 2009. Na ocasião do evento, o número de médicos que arrolei era bem menor do que apresento hoje. Cabe salientar, de outra parte, que, pelo fato de ter sido publicada um extensa obra sobre médicos escritores gaúchos já falecidos, no volume 7 da série Médicos (PR)ESCREVEM, em 2001, sob a coordenação dos escritores médicos Blau Fabrício de Souza, Fernando Neubarth, Franklin Cunha, José Eduardo Degrazia, decidi me dedicar apenas aos médicos que publicaram e ou publicam textos de ficção, de forma contínua durante suas vidas.
Ao realizar outra conferência sobre o mesmo tema, na Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, em 27 de agosto de 2011, novos nomes surgiram, por lembrança de colegas. Mas longe está de ser completa. Se este tema fosse tratado em outro estado brasileiro ou em outro país, a lista seria bem mais ampla e, talvez, diferente. O que importa, então, é que este trabalho de revisão, será sempre incompleto, pois muitos outros médicos novos ou velhos escritores surgirão. Devo ressaltar, de outra parte, que talvez não estejam relacionadas todos os prêmios ou menções honrosas alcançadas pelos autores. Peço, então, que cada um complete sua página e nos comunique os adendos inseridos.
Sobre os escritores médicos brasileiros de fora do Estado, foram incluídos os que obtiveram destaque nacional e ou internacional pelas obras publicadas. Quanto aos escritores médicos gaúchos, além de incluir os nomes que obtiveram reconhecimento regional e nacional, arrolei os que continuam publicando na atualidade e que preencheram os critérios de inclusão... Os critérios de inclusão foram os seguintes: autores que tiveram reconhecimento regional, nacional ou internacional e autores mais jovens que tiveram publicado três romances ou três livros de contos nos últimos dez anos. Fez-se uma exceção para escritores emergentes, cuja obra tenha sido publicada por órgão municipal, estadual ou federal e que fora selecionado por comissão avaliadora.  
Aproveitei a ocasião, também, para realizar um estudo, com o objetivo de identificar possíveis fatores motivacionais que contribuíram para o surgimento de médicos escritores no nosso Estado.
Além da cronologia do tempo de publicação das obras, outros fatores de ordem pessoal contribuíram para o interesse na pesquisa. Assim que fui convidado para a primeira palestra, reavivaram-se em minha memória duas perguntas que, quando me são formuladas, encontro dificuldade para dar uma resposta que satisfaça ao entrevistador e ao entrevistado, também. Aproveitei, então, a oportunidade para me aprofundar sobre essas duas questões.
Explico melhor. Cada vez que publico um livro de ficção, sou surpreendido pela mesma pergunta:
       ─ Mas por que tantos médicos escrevem ficção?
No começo, respondia com o que conseguia construir de improviso. Lembro de duas respostas que deixavam o interlocutor pouco satisfeito.
Pudera. Vejamos quais foram: “Como os médicos são perdedores, escrevem livros para criar pessoas imortais, pois todas as que tratam morrem”.
A outra resposta teve de modo aproximado esta definição: “O trabalho cotidiano do médico se dá entre a vida e a morte. É uma luta parecida com a que travam os que procuram a verdade? Procuram, procuram e nunca encontram”.
Sobre a data em que surgiram os médicos escritores, não é fácil estabelecer um marco para que se possa dizer: foi aqui que começou a escrita técnica e a escrita literária.
Os textos iniciais que serviram de orientação para a Medicina Ocidental surgiram na Grécia Antiga, na época que foram escritos as obras dos filósofos que moldaram a Cultura Ocidental: Platão, Sócrates, Aristóteles e muitos outros.
Sobre Medicina e médicos, convém lembrar que, nos primórdios da Civilização Grega, as doenças eram entendidas como castigo provocado pela ira do deus Apolo. Diante de uma enfermidade, para a obtenção da cura, estabelecia-se uma relação entre a pessoa doente e a divindade. Mesmo que seu filho Asclépio tivesse dado outra conotação às doenças, essa relação com Apolo não fora rompida.  Asclépio, percebendo que diversas doenças estavam relacionadas com a falta de higiene e por má alimentação, construiu um abrigo, onde os doentes recebiam banhos de água termal sulfurosa, boa alimentação, infusões de ervas medicinais e conselho. Mas a cura continuou sendo obtida ou não através de uma comunicação com Apolo, por meio dos sonhos. Quem não sonhasse, não melhorava e era mandado embora.
Foi Hipócrates quem rompeu esta relação entre doença e castigo dos deuses. Seus 72 livros contêm descrições e expressões que são um misto de conhecimentos de medicina, de filosofia e textos literários. Por exemplo, sobre o exame do paciente, ele desloca o foco para uma relação entre duas pessoas: o médico e o enfermo. Na construção desse binômio, nos deixou o primeiro legado de como deve se desenvolver uma boa relação médico-paciente: Examinar o corpo requer visão, audição, olfato, tato, paladar e razão. São princípios que todo o médico que pretende honrar sua profissão deve seguir até hoje. Sobre a relação de Hipócrates com as artes, convém citar o aforismo que é lembrado com alguma freqüência: “A vida é curta, a arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganadora, o julgamento difícil”.
Desde partir de Hipócrates, o Pai da Medicina, os médicos trabalham, então, com o corpo e os sentimentos das pessoas. Registram suas queixas físicas e suas dores da alma. Nessa singular relação, convivem com milhares de pessoas, e com a desafiadora peculiaridade de que nenhuma é igual à outra. Então, mesmo com toda uma gama de responsabilidades e trabalho, os médicos nunca se contentaram em apenas registrar as particularidades das doenças dos seus pacientes.
Sobre a resposta da primeira pergunta, encontro melhor suporte nos textos de especialistas que tratam da questão e nos registros históricos de instituições.
Por exemplo. O poeta, historiador e professor de Literatura, Guilhermino César, na sua obra Notícias do Rio Grande Literatura faz uma afirmativa assaz interessante para nosso tema de hoje. Diz ele: Numa época em que não havia no Brasil cursos de Letras, as Escolas de Medicina eram verdadeiros berçários de escritores. Entretanto, mesmo após a disseminação das faculdades de letras, a medicina tem legado à literatura escritores expoentes. Dentre eles, destacava, então: Aureliano de Figueiredo Pinto, Dyonélio Machado, Cyro Martins e Moacyr Scliar.
Essa afirmativa de um ilustre professor como Guilhermino César encontra eco num passado não muito distante e aqui no nosso meio. Em 1914, dois anos depois da fundação do Centro Acadêmico de Medicina de Porto Alegre, os alunos lançaram a revista Vida e Arte, na qual publicavam contos, poesias e desenhos satíricos. “Em 1937, Balbino Marques da Rocha satiriza a vida da Faculdade de Medicina da UFRGS em versos, com o título: Estância de Dom Sarmento”, que publicados pela Editora Globo, alcançaram grande repercussão, mesmo fora do âmbito da Faculdade.
Na nossa turma médica, de 1965, tínhamos nosso jornal semanal intitulado O Pascoal. Nele publicávamos poesias, histórias satíricas curtas, contos, informativos sobre esportes e sobre nosso Clube de Cinema. Em cada encontro anual que realizamos desde a formatura, O Pascoal nos acompanha. Por intermédio dele, os organizadores fazem o convite e distribuem a programação.
Feitos estas observações, passamos à outra pergunta, que me fazem, com alguma freqüência fora do nosso Estado. Quando os colegas ficam sabendo que, além das lidas acadêmicas, escrevo livros de ficção, me questionam:
       ─ Mas por que vocês gaúchos gostam tanto de escrever? 
Por não encontrar resposta pronta para a intrigada questão, decidi procurar algumas raízes que, pelo menos, a mim satisfizessem.
Vejamos, então, certos fatos históricos e algumas coincidências que encontrei para produzir uma resposta mais fundamentada. Precisamos, antes, lembrar como se regem as relações de continuidade sócio-antropológicas no meio em que vivem as pessoas. Socorre-nos, de modo bem resumido, a Biologia e da Sociologia. Na Biologia, existe o componente genético que é determinante na vida das pessoas. E há o que poderíamos chamar de  “genética social..” A genética social seria aquilo que conhecemos como “escola da vida.”. Isto é, o que as pessoas aprendem pelos exemplos e pelos modelos. Daí a importância do mito, para os jovens, pois eles procuram seguir os passos dos vencedores.  Poderíamos, então, vincular a seqüência de escritores gaúchos, ao longo de cento e sessenta anos ao surgimento da Divina Pastora e do Corsário, de Caldre e Fião?  E este não teria alimentado seu imaginário ao constatar que seus conterrâneos gaúchos eram pessoas que falavam, vestiam, trabalhavam, comiam de modo bem diferente dos habitantes da Capital do Império, Rio de Janeiro? “Por que não fazer, então, o que fizera seu colega médico Joaquim de Macedo, que dera voz às personagens urbanas de A Moreninha?” “Por que não dar voz e vez a seu povo tão bravo nas suas lutas, tão distante do poder, tão desconhecido fora de suas fronteiras?” Podia ter pensado assim, Caldre e Fião, ao apanhar a folha do caderno em branco, nos idos de 1845?
Nessa mesma linha de pensamento, podemos admitir a influência do Partenon Literário, criado em Porto Alegre em 1868, sobre os escritores que surgiram depois. O Ensaio de Álvaro Porto Alegre, escrito em 1928, no ensejo das comemorações dos sessenta anos de fundação daquele centro literário e cultural, nos dá uma idéia da sua importância sobre a cultura do Estado.
“A finalidade do Partenon Literário não se restringia somente à literatura. Foi muito além. Além de Literatura, o Partenon cuidou de filosofia e história; organizou na sua sede uma biblioteca; criou aulas noturnas gratuitas; instituiu o regime de conferências; realizava saraus e editava uma bem cuidada revista. Só isto? Não! Foi igualmente humano, quebrando lanças pelo abolicionismo, sofrendo rudes golpes dos escravagistas e aumentando a ojeriza que lhe tinham retrógados. Enquanto isto ocorria, com destemor e desprendimento, sobranceira e generosa, prosseguia a benemérita associação, libertando, por sua conta, não pequeno número desses desventurados seres, tratados, em determinados períodos, como irracionais, sendo alguns, não vendidos a peso de dinheiro, mas barganhados por bovinos e eqüinos, por seus algozes. Assim, não posso fugir ao dever de relembrar uma festa que as gerações  novas talvez nem de leve conheçam. Festa transcendente que nenhuma outra em todo o Rio Grande do Sul e talvez mesmo em todo o Brasil se lhe compare. Refiro-me a célebre noite de 19 de setembro de 1869, quando a sociedade Partenon Literário leva a efeito no Teatro São Pedro um festival com a representação de uma cena dramática, terminando a festa com o enternecedor desfilar, sob o pavilhão nacional, de 21 crianças que recebiam, nessa ocasião luminosa de clarões benditos, as suas cartas de alforria, outorgada por essa respeitável sociedade.”
Para tentar dar mais sustentação a nossa hipótese sobre uma das origens dos escritores gaúchos, convém que transcrevamos a manifestação do presidente honorário, Dr Caldre e Fião sobre o memorável evento publicado na Revista do Partenon Literário em setembro de 1869.
“Formulamos a ideia, esboçamos o programa. O Partenon aceitou-os; fez mais do que tínhamos imaginado. A festa, em comemoração ao dia nacional, devia ser feita, dando-se liberdade aos inocentes, às crianças que pudéssemos haver do berço escravo. O Partenon fez correr uma subscrição entre a população e tudo dispôs para exibir um espetáculo de gala em honra aos 7 de setembro, cujo produto integral seria destinado à manumissão. Era férvido  o entusiasmo da mocidade; os liberais concorreram, um apoiado bem pronunciado partiu do seio do diretório liberal, o nobre e elevado coração do excelentíssimo Sr. Conselheiro Conde de Porto Alegre não ficou estranho à ideia, adiantando-se na arena e traçou um pensamento digno do generoso povo rio-grandense, criando a Sociedade Libertadora dos Escravos, cujos estatutos acabam de ser aprovados. Os escravagistas estremeceram, alguns senhores mal intencionados especularam; bagagem dos partidos, essa turma que está sempre à mercê do poder, riu-se com estúpido desdém, e a situação pressentiu um golpe certeiro que lhe dirigíamos. Daí os óbices, as dificuldades com que o Partenon teve que lutar e que retardaram a festa santa da liberdade até  o dia 19. Mas, enfim, chegou o momento. O Partenon, radiante em seu triunfo, ia desfechar um tremendo golpe nos prejuízos e falsas ideias de muitas gerações que foram nas passadas idades. Era a abolição da escravidão doméstica, no seu mais esplêndido aparato. Artigos de jornal,  uma longa e bem dirigida propaganda não valem o mundo das ideias, de grandiosos pensamentos que ali iam reunir-se
O teatro estava literalmente cheio, não havia lugar vago em todo o salão, nem nos camarotes. A ansiedade, as expectativas públicas eram imponentes. Levantou-se o pano; era o Elogio Dramático que havíamos esboçado, e cujos versos déramos à composição dos jornais e a ardentes poetas da nossa cidade, que ia ser recitado.
A Liberdade, visitando as plagas brasileiras, encontra o Brasil, tão varonil antes, lânguido e triste; anima-o e, reparando para o fundo da floresta, vê o escravo lugubremente cantando, coberto de andrajos e cicatrizes recentes, entregue à lida diurna. Compreende a sorte do Brasil e invoca o auxílio do céu; desce então um anjo mensageiro. Prediz ele a abolição gradual, e entrega ao Escravo à Liberdade, como uma promessa de Deus. Indo ao fundo, ordena como um meio prático a libertação dos ventres, que é simbolizada por um grupo de vinte e uma crianças que o Partenon havia libertado e que ali estavam pendentes dos seios maternos, de suas mães ainda escravas.
A este espetáculo as lágrimas correram e o entusiasmo dos corações sensíveis tocou até ao delírio. Houve em todo o auditório uma abstração feliz. Ninguém pensou no abuso da autoridade que representa a atual situação. Era só a nação que ali estava e cujas fibras tangiam, com força varonil, gratos sons do hino nacional; depois foi só a liberdade que ocupou todos os espíritos quando levantamos vivas à nação, ao progresso e à liberdade.
Foi como presidente honorário do Partenon que ali fizemos ouvir nossa voz. Foi longa a impressão da abolição prática produzida no auditório pelo Elogio. Nós o terminamos dando as cartas de liberdade aos inocentes ali reunidos.
Marcou-se uma época. “Porto Alegre há de lembrar-se sempre do dia em que se levantou bem alto no conceito da humanidade.”
Pela empolgante manifestação de Caldre e Fião, durante o memorável aquele evento realizado no Teatro São Pedro, pode-se imaginar que, com seus dois textos longos, com suas inúmeras peças teatrais e suas crônicas constantes, tenha semeado raízes que influenciaram as futuras gerações de escritores.
Supõe-se que Simões Lopes Neto, anos mais tarde, tenha participado ou convivido com os provocantes estímulos de uma Rio de Janeiro em transformação social e estrutural. Como estudante na Capital da República, ele conviveu com a plenitude das reformas introduzidas pelo Intendente Pereira Passos e com as provocantes obras literárias do mestre Machado de Assis. Ao regressar a seus pagos de Pelotas, entendeu que havia ali um povo peculiar que precisava ser cantado em prosas, para ultrapassar o limite do pampa.  E foi o que fez o notável escritor.
Os médicos escritores que surgiram depois tiveram outros estímulos inerentes a suas épocas. Estímulos esses provenientes dos movimentos locais e de fora do Estado.
Dos estímulos locais, havia e efervescência cultural da própria Faculdade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre. No se Centro Acadêmico, já em 1914, apenas dois anos após sua fundação, surge um espaço literário chamado Estância de Dom Sarmento, que angariou notoriedade regional pela constante produção literária. Nesse Centro, além das reuniões culturais frequentes, os alunos editavam a revista: Vida e Arte, onde publicavam contos, poesias e desenhos satíricos. Em 1937, Balbino Marques da Rocha satiriza a vida da Faculdade de Medicina em versos que foram publicados pela Editora Globo, sob o título Estância de Dom Sarmento. Obra que alcançou grande repercussão local e Estadual.
Sobre outros estímulos vindos de fora do Estado, socorremo-nos dos seguintes contextos. Os médicos que, nas primeiras décadas do século XX, aprimoravam seus conhecimentos no Rio de Janeiro, possivelmente, se surpreenderam com a diferença que continuava havendo entre a vida do Rio Grande do Sul da vida das pessoas que viviam na Capital do Brasil. E havia, ainda, os estímulos dos conterrâneos escritores vencedores, Alcides Maya e Augusto Meyer, ambos com destaque nacional e membros da Academia Brasileira de Letras.
Essas vertentes, local e nacional, devem ter influenciado os médicos escritores Aureliano de Figueiredo Pinto Dionélio Machado e Cyro Martins e muitos outros gaúchos.
Para Moacyr Scliar, além desses estímulos, havia a vida peculiar do seu berço e dos habitantes do Bairro Bom Fim de Porto Alegre. Havia a viagem no mundo da leitura, os estímulos do seu grupo literário do Centro Acadêmico Sarmento Leite da Faculdade de Medicina. Havia as experiências com a vida e a morte dos pacientes sofredores da Santa Casa de Misericórdia. Havia, mais tarde, sua formação de médico sanitarista e seu trabalho com a saúde de populações.
As gerações mais novas, por certo, foram influenciadas e nutridas pelas oficinas de criação literária, que iniciaram há mais de vinte anos em Porto Alegre.
Feitas essas observações, antes de entramos na cronologia dos autores médicos, é importante que registre outra particularidade. Ao atermo-nos ao surgimento da literatura brasileira, identificamos, com satisfação, que foram os médicos que produziram os primeiros textos longos que permaneceram através dos tempos. 
MÉDICOS ESCRITORES ATRAVÉS DOS TEMPOS.
Hipócrates
O pai da Medicina nasceu em Pérgamo e viveu entre 460- 377a.C. Ele criou um método de trabalho voltado para o sofrimento do homem. Conversava e examinava os doentes. Ensinava que, no tratamento o importante era ter o equilíbrio entre os quatro humores: Sangue, Flegma, Bile Amarela e Bile Negra, que são os correspondente aos quatro temperamentos existentes nas pessoas (Sangüíneo, Fleumático, Colérico e Melancólico) e aos quatro elementos da natureza (ar, água,fogo, terra). Hipócrates foi quem rompeu a relação do enfermo com os deuses.   Nos seu 72 livros encontramos expressões que são um misto de conhecimentos de Medicina, Filosofia e Literatura. Com a introdução do exame do paciente, ele termina com a subordinação do enfermo aos ditames da divindade e a desloca para um encontro entre duas pessoas: o médico e o doente. Seu legado estabelece o modo como deve se desenvolver uma boa relação médico-paciente: Examinar o corpo requer visão, audição, olfato, tato, paladar e razão.Sobre a relação de Hipócrates com as artes, convém citar um dos seus inúmeros aforismos que é lembrado por todas as artes, através dos tempos: “A vida é curta, a arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganadora, o julgamento difícil”.
Então, desde Hipócrates, os médicos trabalham com o corpo e os sentimentos das pessoas. Registram suas queixas físicas e suas dores da alma. Nesta singular relação, convivem com milhares de seres humanos, e com a desafiadora peculiaridade de que nenhuma pessoa é igual à outra. Então com essa gama de trabalho e convivências, os médicos nunca limitaram suas escritas à descrição das doenças dos seus pacientes. Surge, portanto, a criação literária dos médicos.
Ben Maimon (Maimônides ou Rambam)
Nasceu em Córdoba, Espanha, em 30 de março de 117 ou -37-38? E faleceu no Egito em 13 de dezembro de 1204. Descendente de família judaica de Andalus (Península Ibérica), então sob o domínio dos mouros. Ben Maimon (Rambam) precisou fugir aos treze anos, devido à expulsão dos judeus que não se converteram ao islamismo dos Almóadas, quando esses subjugaram Córdoba em 1148. Durante doze anos sua família vagou pelo sul da Península Ibérica até se estabelecer em Fez, Marrocos. Rambam estudou Medicina e os estudos tradicionais judaicos com seu pai, juiz e erudito da jurisprudência legal judaica; escreveu alguns de seus trabalhos durante os cinco anos que permaneceu em Fez. Após esse período, foi para Fostat (antiga capital do Egito) em 1168. Após o trágico naufrágio que matou o seu irmão, Seu irmão Davi, comerciante qu mantinha economicamente a família Bem Maimon passou a exercer a Medicina para sustentar a família. Foi, também, o discípulo mais famoso de Averróis, judeu que refutou parte da tradição rabínica e tentou conciliar fé e razão no século XII. Como mestre de Medicina recomendava: "Uma consulta médica deve durar uma hora. Durante dez minutos examine os órgãos do paciente. Nos outros cinquenta minutos sonde-lhe a alma”.
Obras publicadas: Escreveu dez trabalhos de medicina, em árabe, e vários trabalhos de teor religioso, onde reflete sua visão filosófica sobre o judaísmo. É o codificador dos treze princípios fundamentais do judaísmo. Sua grande popularidade lhe rendeu a frase elogiosa que diz: "De Moshê (o Legislador) até Moshê (ben Maimon) não há outro como Moshê.”
Claude Bernard
Nasceu na Holanda, em 1813 e faleceu na França em 1878. Doutor em Medicina. Professor de Fisiologia Experimental na Sorbonne e de Medicina Experimental do Colégio de França. Na juventude, fora: ajudante de boticário, profissão que muito o ajudara para transformar a Medicina numa ciência. Antes de se formar médico e se tornar um dos maiores cientistas de todos os tempos, Claude Bernard, na sua terra natal, fora um famoso escritor e teatrólogo.  Ao se mudar para Paris, a procura do centro mais importante das artes e das escritas, trocou a literatura pela ciência médica. Sua obra como cientista foi a que ficou para a posteridade. Fundador da Medicina Experimental baseada nos princípios da Pesquisa Científica. Das múltiplas descobertas, destacam-se: secreção pancreática, biliar, metabolismo do glicogênio, meio interno, descoberta do sistema vasomotor.
Inovou também no ensino ao propagar: “Não é preciso ensinar aos jovens; é preciso ensiná-los a aprender, sobretudo é preciso lançar neles os germes da ciência e da procura, e não, os frutos”.
Joaquim Manuel de Macedo
No Brasil, o primeiro romancista que escreveu obras longas e constantes foi o médico Joaquim Manuel de Macedo, ao publicar, em 1844, a Moreninha. Era natural de Itaboraí, Rio de Janeiro e nasceu em 24 de junho de 1822. Ao contrário de Claude Bernard, ele começou a escrever depois de se formar médico na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e abandonou a profissão. Ao tornar-se famoso como escritor.  Passou a se dedicar ao ensino de História e Geografia, no Colégio Dom Pedro II, à literatura e à política. Como político, foi eleito por duas legislaturas à Assembléia Provincial do Rio de Janeiro, pelo Partido Liberal.  A Moreninha faz parte das obras brasileiras do período romântico, que seguiam as recomendações da época: “A organização interna de um romance romântico pressupõe a obtenção de um equilíbrio estável que fecha a ação e põe fim às peripécias, geralmente colocadas como série de obstáculos que devem ser superados pelos heróis. O discurso remete à uma prática virtuosa nos moldes em que se enquadraria em substituir, com a moral do dominante: a nobreza. As personagens são representantes da sociedade da época, com seus usos e costumes.
No caso de A Moreninha, os personagens Felipe, Leopoldo, Fabrício, Augusto, estudantes de medicina, decidem visitar a avó de Felipe que mora numa ilha. Felipe, para animar Augusto a acompanhá-los diz que tem quatro primas. Segreda, ainda, que tem uma irmã, de quatorze anos: Moreninha. Augusto fica todo animado coma notícia, mas ainda relutante em acompanhar os colegas.
Rafael é o moleque de Augusto, o faz-tudo, de entregador de recado, a condutor do burity, comprador na quitanda, pretinho que fazia parte das famílias da época, ainda em plena escravatura no Brasil.
Tobias moleque escravo da Dona Luiza, mãe de Joana, por quem Fabrício se encanta no Teatro. Fabrício manda uma longa carta para Augusto, antes de partir, na companhia dos outros dois, em visita a avó, na Ilha, na qual relata que está pobre e apaixonado por Joana, prima de Felipe. No fim da carta, Fabrício propõe que Augusto vá junto com eles à Ilha e lá deverá tentar seduzir sua namorada. Fabrício se mostrará indignado, esbravejará contra a vida volúvel das mulheres. Consumado o desfecho, lhe será muito grato, por ter se livrado do terrível incômodo que é Joana para ele: uma paixão incontida.
Resumi algumas passagens de cenas e personagens para registrar que A Moreninha se sustenta em cenas e narrativas de personagens que tem cunho urbano e que fazem parte da elite dominante da cidade do Rio de Janeiro. Por isso, Moreninha, além de ser o pioneiro dos romances brasileiros, se caracteriza, também, por dar vida às personagens num contexto social da cidade em formação.
José Antônio do Valle - Caldre e Fião.
Nasceu em Porto Alegre em 15 de outubro de 1821 e faleceu em 19 de março de 1876 aqui na nossa Capital do Rio Grande do Sul. Pouco é conhecido de sua vida entre 1838 e 1845, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Mas em 1845, aos 25 anos, ele comparece na literatura médica, como um entusiasta do sistema terapêutico estabelecido por Hahnemann. No mesmo ano, publica: Elementos da farmácia Homeopática para uso da escola de Medicina Homeopática do Rio de janeiro e da curiosa mocidade brasileira e portuguesa que quisera estudar este ramo de ciência médica.
Caldre e Fião foi também Presidente Honorário do Partenon Literário de Porto Alegre, jornalista, teatrólogo, fervoroso e atuante abolicionista.
Em 1847, apenas três anos após o lançamento de A moreninha, Caldre e Fião publicou, no Rio de Janeiro, seu primeiro romance: A divina pastora. A trama central da narrativa se desenvolve durante a Revolução Farroupilha. Este é o primeiro livro a registrar as falas e os costumes dos habitantes do Rio Grande do Sul. A expressão Monarca das Coxilhas que acompanha as manifestações tradicionalistas do povo gaúcho até hoje, foi por ele usada numa de suas cenas pela primeira vez na língua portuguesa. Ao descrever os personagens que o inspiraram a criar a expressão, ele os caracteriza com a seguinte passagem:
“Eram quatro moços vestidos à gaúcha: eles traziam chapéus arredondados de abas largas; coletes vermelhos com botões amarelos, xales de cachemiras velhos amarrados à cintura, excetuando um deles que cingia uma linda e bordada guaiaca; trajavam chilipás com franjas, coletes vermelhos com botões amarelos, traziam ainda grandes e pesadas chilenas (esporas) de  prata, estavam armados à rio-grandenses, com espadas, duas pistolas, uma faca, uma carabina, e o laço e as bolas, que estavam seguras aos tentos dos cavalos; seus aspectos eram guerreiros, em seu todo apresentavam uma lhana(tradicional ou genuína) franqueza e alegria bem pronunciada; Três dentre eles tinha cabelos ruivos em cabeleiras pendentes sobre os ombros, exceto o que cingia a guaiaca, que tinha cabelo castanho também da mesma forma disposto.
O romance registra o olhar do homem da cidade para a vida mais importante que havia naquele tempo: o mundo da campanha. Resta lembrar que nessa época toda a atividade de Porto Alegre se fazia com um olhar de onde provinham os produtos para o sustento e para a exportação. E todo o dinheiro que fazia circular os negócios da Capital. Como se constata, pela fala das personagens centrais do romance, Almênio e Edélia e pelos cenários por onde circulavam, os textos se alimentavam do vértice dos costumes dos habitantes desse lado meridional do Brasil. O termo gaúcho é utilizado para designar peão de estância, domador, tropeiro.
Para se ter idéia da força que a campanha e o gaúcho passou a exercer sobre a vida da Capital do Estado, vejamos o que escreveu Apolinário Porto Alegre no seu romance O Monarca da coxilha, publicado em 1875.  Os Rio-grandenses têm em nenhuma monta os tronos e os cetros. Para eles, uma boa equitação vale uma monarquia, um bom cavaleiro é um grande monarca. Quem não conheceu os costumes de nossas vastíssimas campanhas, há de estranhar que uma só família às vezes seja o tronco de uma série de monarquias. E por Deus! Valem mais que os testas coroados os valentes campeiros do rio Grande. Ao menos sob cada poncho, palpita um coração onde a liberdade entronizou-se; em cada pulso lampeja uma espada ou uma lança que fará tremer a tirania.
Nos dois textos longos produzidos por Caldre e Fião e nas suas crônicas publicadas em jornais da época, os revoltosos farroupilhas são vistos pelo narrador/autor como elementos fora de lei, guerreiros valentes, mas parecidos com bandidos. Não deixa de reconhecer, entretanto, que eles almejam uma república independente e sem escravidão. E, ao publicar um artigo em seu jornal O´Filantropo, no Rio de Janeiro, em 1849, deixa registrada sua versão sobre a participação e o destino dos escravos que lutaram ao lado dos revoltosos na Revolução Farroupilha. A Guerra Civil do Rio Grande do Sul, de que sou testemunha, nos apresenta outro fato mui saliente: Os rebeldes(farroupilhas) chamaram ao seu exército os escravos, de que fizeram quatro batalhões e alguns esquadrões de cavalaria. Isto causou sérios sustos e arruinou muitas fortunas.  Os escravos que não morreram nas batalhas ficaram mutilados e não serviram mais. Durante a guerra, os senhores sofreram estrondosas vinganças dos seus escravos libertos e conheceram bem o valor desses inimigos.
A Divida Pastora tem o mérito, ainda, de descrever, com ricos detalhes, a natureza, as ruas, os arraiais, as casas, as igrejas, as novidades da época, de modo particular, de Porto Alegre e de Viamão.
O segundo romance de Caldre e Fião, O Corsário, foi publicado em 1849, dois anos após o primeiro. O texto, também, tem seu centro da história em feitos heróicos desta parte Meridional do Brasil: Guerras Cisplatinas e Guerra dos Farrapos. As personagens vivem épocas de batalhas e se movimentam entre tropas de Bento Gonçalves e os Exércitos Imperiais. Outra vez, os farrapos são vistos como foras da lei e bandidos. Embora reconheça em Bento Gonçalves um líder de respeito, Giosepe Garibaldi é visto como um pirata aproveitador e saqueador. Mercenário de guerras Cisplatinas, agora a serviço da causa dos farrapos. Os cenários são ricos em descrições sobre as paisagens, os meios de transportes da época, a navegação lacustre entre Porto Alegre e Viamão e sobre a navegação marítima, entre Tramandaí e São José do Norte.
Na página 85, há uma singular descrição: O Viamão compreende todos os capôs que se estendem do começo das abas da Serra até a margem do Guaíba, compreendido pelos rios Gravataí e Capivari. Eles estão derramados por uma cadeia contínua de montanhas, uma extremidade das quais se perde da parte da Serra, e a outra, nas águas salgadas da bacia do Guaíba. Quando os antigos paulistas coritibanos chegaram a esta última extremidade, ficaram estupefatos na presença da disposição natural dos rios que aí vinham desaguar e que apresentavam a forma de uma mão; sendo por isso que, ao voltarem aos seus lares nas serranias da Coritiba, diziam, cheios de orgulho: eu vi a mão; cousa esta que deu origem aos nomes que estes campos têm até hoje conservado.
Ao se comparar os costumes, as falas das personagens, as cenas e os cenários dos romances de Joaquim Manuel de Macedo, em especial, A Moreninha, com as personagens, as cenas e os cenários dos romances de Caldre e Fião, percebemos a enorme diferença que havia entre Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul.
Há outro detalhe singular que caracteriza as personagens de então que alimentam o enredo dos três romances. Todas as personagens femininas são de uma pureza imaculada. Daí então a riqueza singular que possui para o entendimento das sociedades em sua época, como ressaltam os críticos literários Sílvio Romero e José Candido.
Pela constante luta de José Antônio do Valle Fião contra a abolição da escravatura e sua crítica mordaz aos farrapos, A Divina Pastora e O Corsário desapareceram das bancas de jornais, das livrarias e das bibliotecas do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul durante cento e sessenta anos.
Alex Martin Fredrik Munthe.
Nasceu em Oskarshamn, Suécia em 31 de outubro de 1857 e faleceu em Estocolmo em 11 de fevereiro de 1949. Estudou Medicina na Universidade de Upsala, Montpellier e Paris, doutorando-se no ano de 1880. Embora sua tese tratasse da ginecologia e obstetrícia, Munthe fora fortemente impressionado pelo trabalho pioneiro sobre neurologia do Professor Jean Charcot. Trabalhou como médico psiquiatra e escritor em Paris e Roma e, posteriormente, tornou-se médico da Família Real Sueca.
Munthe também ficou conhecido por sua natureza filantrópica e por advogar os direitos dos animais. Ainda que tenha ficado famoso como escritor ao publicar The Story of San Michele ("O Livro de San Michele"), em 1929, outras obras literárias se destacaram: Bref och skisser (1909), Red Cross and Iron Cross (1916), For Those Who Love Music (1918), Boken om San Michele (1929), En gammal bok om människor och djur (1931).
Anton Paolovitch Tchekhov
Nasceu em Taganrog em 29 de Janeiro de 1860 e faleceu em  Badenweiler, em 14 de Julho de 1904. Foi um importante escritor e dramaturgo russo, considerado um dos mestres do conto moderno. Era médico dedicado à sua profissão, exercendo a Medicina durante o dia e escrevendo à noite. Era filho de Pavel Egorovic Tchekhov e de Evgenija Jakovlevna. As origens da família são humildes. O avô de Tchekhov, Egor Tchekhov, foi um servo que comprou a sua liberdade do Kreopostnoje Pravo, quando o pai. Pavel tinha então dezesseis anos.
Numa carta de 1889 ao seu irmão Aleksandr, Anton Tchekhov resume a sua infância na seguinte frase, plena de ironia: "Filho de um servo, ... servente de loja, cantor na igreja, estudante do liceu e da Universidade, educado para a reverência de superiores e para beijos de mão, para se curvar perante os pensamentos alheios, para a gratidão por qualquer pequeno pedaço de pão, muitas vezes sovado, indo à escola sem galochas
Dentre sua vasta obra, produzida nos gêneros conto, teatro e romance, escritos entre 1880 e 1900, destacam-se: No mar da Criméia. Varka. O vingador. Um caso médico. Angústia... A feiticeira· A mulher do farmacêutico. O bilhete premiado. O bispo. A noiva. O caçador. O Monge Negro.
Ao contrário dos médicos que se tornaram escritores no Brasil, Tchekhov já era escritor famoso, quando se formou em Medicina.
João Eichoff
Nasceu Bremem, Alemanha, por volta de 1850. Aos dezoito anos de idade emigrou, junto com seu irmão Luís, para Montevidéu. Mais tarde, Luís que era de profissão marceneiros, emigrou para Porto Alegre, onde se tornou um profissional  reconhecidos, chegando a construir móveis para Carlos Von Koseritz e Gaspar Silveira Martins. O irmão, João, depois de emigrar, também, para Porto Alegre, passou a trabalhar numa farmácia. Com a publicação da Lei de1881, que dava o direito a voto aos evangélicos os dois irmãos se tornaram eleitores. Mais tarde, por influência da maçonaria, ingressaram na política o obtiveram a nomeação de um cartório em Dois Irmão. Com a ajuda do sogro de Luís, eles montaram uma importante serraria em Sapiranga. Como sucesso econômico, surgiu a liderança política. A casa dos Eichoff tornou-se, então, parada obrigatória dos candidatos em campanha política, como Júlio de Castilhos, Assis Brasil e Barros Cassal. 
Quando Júlio de Castilhos assumiu o poder, pelo fato de que, em Três Corroas, o candidato de oposição, Barros Casal, nas eleições de 1891, ter obtido ampla vitória, passou a perseguir os adversários políticos. Foi então que começaram as desventuras dos irmãos Eichoff. Para se evadir da degola mandada executar pelo prefeito de Taquara, aliado de Júlio de Castilhos, João Eichoff deixou a família e refugiou-se na serra, junto aos federalistas que lutavam contra os castilhistas, para impedir que as armas chegassem às mãos dos comandantes Cel. Salvador Pinheiro Machado e o General Francisco Rodrigues Lima. Durante um longo período, entre lutas, prisões e trabalho, João se dividia na assistência à família, às fugas e ao trabalho carpinteiro e de médico. Acusado por trapaça em contrabando de gado, João acabou no xadrez de Porto Alegre e condenado à morte por fuzilamento. Liberto da prisão entre 1894-1895, os irmão venderam suas propriedades e se mudaram para Ijuí.
Médico homeopata ou prático licenciado, o certo é que João Eichoff era chegado às letras, e desde a década de 1880 colaborou no Koseritz Deutsche Volkslender, quando publicou os seguintes textos: Das Fleisch – A carne, Lebenmittel – Mantimentos Der Schlangenbiss und  seine Heiluung – Mordida de cobra e sua cura e Die Pcken, auch Blattern gennat, und die Achutzmittel dieselben – A Varíola e suas medidas preventivas.
Em 1915, publicou o Doutor maragato no Kalender für die Deutschen in Brasilien(São Leopoldo). No Familienfreud Kalender de 1916 publicou o conto:  Mitten im Liben sind wir Von Tod umgeber( Em meio a vida estamos cercados pela morte).
Em 1917, por atender gratuitamente as pessoas acometidas pela gripe espanhola na cidade de Ijuí, a população lhe erigiu um monumento.
No seu livro O doutor maragato, João Eichoff nos deixa um relato fiel do que fora a terrível Guerra de 1893 a 1895, da qual ele participou como médico das tropas, médico da comunidade e como carpinteiro. O texto serve, também, para ver como eram absurdas as leis castilhistas sobre a liberdade profissional no Estado. João Eichoff era carpinteiro e médico, sem nuca ter estudado medicina.  Mas, para quem dedicar fina atenção na leitura do livro, notará que, naquele ambiente longe de recursos, um homem com algumas experiências em cuidados gerais de saúde podia prestar relevantes serviços às populações e salvar vidas.
Ramiro Fortes de Barcelos
Nasceu em Cachoeira do Sul em 23 de agosto de 1851 e faleceu no dia 29 de janeiro de 1916, em Porto Alegre. Formou-se em 1873, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Fora cronista polêmico, desde os bancos escolares da faculdade. Ainda quando estudante de medicina publicou diversas críticas contra o Professor João Vicente Torres Home, filho do consagrado Professor Joaquim Vicente Torres Home. João Vicente Torres Home, além de ser o mais ilustre professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, era médico pessoal do Imperador Dom Pedro II e conselheiro do Império.
Na vida política, depois de ser eleito constituinte pelo partido Liberal, transferiu-se para o lado de Júlio de Castilhos, sendo um dos seus maiores e mais fiéis aliados, desde os primeiros passos na fundação do Partido Republicano Rio-Grandense. Cronista assíduo do jornal de Júlio de Castilhos, A Federação, Ramiro Barcelos publicou inúmeras crônicas, geralmente, de crítica mordaz sobre assuntos políticos e a pessoas.  Dentre essas, podemos destacar a Carta a D. Isabel, na qual ataca a política da regente. Oficial das tropas de Pinheiro Machado na Revolução de 1893.
Arthur Ignatius Conan Doyle
Nasceu em Edimburgo (Escócia) em 22 de maio de 1859 e faleceu em Crowborough, em 7 de abril de 1930. Estudou Medicina na Universidade de Edimburgo entre 1876 e 1881.
Ainda como estudante começou a escrever pequenas histórias, tendo publicado sua primeira obra antes dos 20 anos. Como estudante de Medicina teve sua primeira experiência naval, quando trabalhou como médico numa baleeira, permanecendo sete meses no Oceano Ártico
Em 1878, por dificuldades financeiras, trabalhou por três semanas, em troca de casa e comida, como médico aprendiz, nos subúrbios de Sheffield. Essa experiência ele relatou em carta, fazendo a seguinte observação: "Esta gente de Sheffield preferiria ser envenenada por um homem com barba do que ser salva por um homem imberbe”.
Por influência de sua mãe, após se formar em 1881, trabalhou como médico de bordo no navio Mayumba, em viagem à costa Oeste da África. Mas ao retornar à Liverpool, no ano seguinte, Doyle escreve para sua mãe, informando-a que desistia da vida marinha, com a seguinte argumentação: Ganharia muito mais com suas histórias do que com a atribulada vida de marinheiro médico.
Doyle tornou-se mundialmente famoso aoescrever suas 60 histórias sobre o Detetive Sherlok Homes, que são consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. Foi um escritor prolífero, cujos trabalhos incluem temas diversos: ficção científica, novelas históricas, peças teatrais, romances, poesias e obras de não ficção.
Somerset Maughan
Nasceu em Paris em 25 de janeiro de 1874 e faleceu em Saint-Jean-Cap-Ferrat, em 16 de dezembro de 1965. Começou a escrever aos 15 anos. Por sugestão de um amigo do tio, decidiu estudar Medicina até se formar. Mas, ao que parece, a única experiência médica que teve ocorreu duran a 1ª guerra Mundial, quando foi condutor de ambulância. Muitos leitores e alguns críticos assumem que os anos de estudante de medicina constituíram-se em um hiato na verve criativa do escritor. Porém, o próprio Maugham era de opinião contrária. Poder viver a agitação da cidade de Londres, conhecer pessoas das classes mais populares, tipos que nunca havia encontrado em outras profissões, ver pessoas em situações de extrema ansiedade e em busca de significados para suas vidas. Nos seus últimos anos, ele declarou o valor literário de tudo o que viu como estudante de medicina: "Vi homens morrerem. Os vi sofrer de dor. Aprendi o que era esperança, o medo e a ajuda…". Dono de uma alta produtividade literária, entre novelas, peças teatrais, produziu mais de 80 obras, muitas delas convertidas em cinema. Mesmo não tendo exercido a Medicina como profissão, pelo fato de ele ter confirmado que encontrou no sofrimento dos pacientes os temas para suas inspirações, penso que pode ser colocado na lista dos médicos escritores.
Dentre seus principais textos longos, destacam-se: Servidão Humana, The Moon and Sixpence, Cakes and Ale, O Mago, No Fio da Navalha. Nos Contos, destacam-se: Rain, Footprints in the Jungle e Outstaions Rain. Nas narrativas de viagens destacam-se: The Gentleman in the Parlour, cenas e cenários sobre uma viagem através da Birmânia, Tailândia, Camboja e Vietnã e On a Chinese Screen.
Mário Totta.
Nasceu em Porto Alegre em 5 de janeiro de 1874 e faleceu em 17 de novembro de 1947. Em Porto Alegre, no final do Século Dezenove surgiu um grupo de cronistas chamados modernos, do qual fazia parte Mário Totta. Cronista perspicaz, crítico mordaz dos costumes da época, teve o mérito de publicar, junto com os cronistas do jovem jornal Correio do Povo, José Paulino Azurenha e José Carlos de Souza Lobo, o primeiro romance com olhar voltado para cidade: Estrychnina.  A narrativa, publicada em 1897 foi baseada num fato verídico de um casal de apaixonados, Neco Borba e Chiquinha Gomes que, por dificuldades financeiras, se suicidam com a ingestão de Estricnina. O romance é uma transposição de um fato real para a narrativa longa, somente trocando os nomes das personagens. Este texto tem o mérito de ser a primeira narrativa longa, cujos personagens circulam, vivem e morrem numa cidade em grande transformação, como era Porto Alegre na época. Seria algo semelhante ao que se passara em Paris, de 1850 a 1870, quando da grande reforma introduzida pelo Barão Haussmann. Neste período, o poeta e escritor Beaudelaire, defensor das mudanças, fazia suas personagens circularem pelas novas e longas avenidas e pelos extensos bulevares. As pessoas viviam e morriam no que havia de mais moderno então: o burburinho das cidades, seus encantos, suas tragédias.
Dois anos após, em 1899, Mário Totta ingressou na Faculdade de Medicina e Farmácia, formando-se na primeira turma, em 1904, com mais dez colegas, dentre eles uma mulher e sendo o orador da solenidade. Foi professor e médico muito conceituado, sem nunca abandonado suas crônicas no Correio do Povo.
CENTRO ACADÊMICO DE MEDICINA
Em 1914 no Centro Acadêmico de Medicina de Porto Alegre, fundado em 1912, os alunos lançaram a revista Vida e Arte, na qual eles publicavam contos, poesias e sátiras. “Em 1937, Balbino Marques da Rocha satiriza a vida da Faculdade de Medicina da UFRGS em versos que foram publicados pela Editora Globo, e que alcançaram grande repercussão, mesmo fora do âmbito da Faculdade, com o título de: Estância de Dom Sarmento.”
Aureliano de Figueiredo Pinto.
Nasceu na Fazenda São Domingos, distrito de Tupanciretã, no dia 1 de agosto de 1898 e faleceu em 22 de fevereiro de 1959. Participou como combatente voluntário nas tropas da Revolução de 1930. Formou-se médico na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1931, tendo cursado parte das cadeiras na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde lançou seu primeiro poema: O mar visto por um gaúcho. Médico atuante na cidade de Santiago do Boqueirão, poeta e romancista e fundador da Estância da Poesia Crioula. Surgiu com suas publicações depois do movimento modernista de 1922. Em 1937, quando Érico Veríssimo e Dionélio Machado começam a surgir como escritores de reconhecimento nacional, Aurélio de Figueiredo Pinto escreveu Memórias do Coronel Falcão, livro recuperado e publicado pela Editora Movimento, em 1973. No final da vida, na década de 1950, publicou dois livros de poesia: Romances de Estância e Querência, e Armorial de Estância e Outros Poemas. Segundo consta, Aureliano de Figueiredo Pinto teria sofrido influência da obra de Simões Lopes Neto, descoberta por ele muito antes de Carlos Reverbel a ter recuperado e publicado a notável produção literária do ilustre escritor pelotense.
Dionélio Machado.
Nasceu em Quarai em 21 de agosto de 1895 e morreu em Porto Alegre, em 1985. Órfão aos 7 anos, quando seu pai foi assassinado. Aos 12 anos publicou seus primeiros versos: “As calças do Barbadão.” Ainda estudante de medicina em Porto Alegre, em 1927, publicou a coletânea de contos: Um pobre homem. Formou-se pela Faculdade de Medicina da UFRGS em 1929, dedicando-se a seguir a psiquiatria, formação que fez no Rio de Janeiro em 1930 e 1931. Trabalhou no Hospital São Pedro, por mais de 30 anos.
Em 1935, depois de publicar seu primeiro livro, Os ratos, foi preso no Rio de Janeiro, por causa da Intentona Comunista. Mesmo preso, recebeu o Prêmio Machado de Assis, com seu romance.
Em 1923 publicou um ensaio sobre política intitulado Política contemporânea. Em 1942 publicou O Louco do Cati. Como acontecia com seu colega e conterrâneo, Cyro Martins, Dyonélio Machado alimentava sua inspiração literária em duas vertentes: no entendimento da alma humana pela psicanálise e nas memórias das personagens que marcaram sua infância na Quaraí. Em 1966 publicou Deuses Econômicos.
Vale lembrar a citação de Artur Madruga sobre a vida de Dionélio Machado: Foi na medicina que teve seu sustento; na política, seu tormento e na literatura, seu alento.
Cyro dos Santos Martins
Cyro dos Santos Martins nasceu em Quarai em 05/08/1908 e faleceu em Porto Alegre em 15/12/1995. Formou-se médico na FAMED/UFRGS em 1933. Depois de trabalhar no interior por alguns anos, voltou a Porto Alegre para se dedicar à Psiquiatria e à Neurologia. Em 1937 se muda para o Rio de Janeiro, até 1939, para se aperfeiçoar nos estudos da especialidade. Mais tarde, viaja para Buenos Aires, a fim de realizar sua formação psicanalítica. Em 1935, em conferência, pela primeira vez, usa o termo gaúcho a pé, e publica sua trilogia (Sem rumo, Porteira fechada, Estrada nova). Em 1957 publica Paz nos campos, reunindo contos e novelas que depois ele desdobrará em outras publicações. De 1958 a 1977, lança vários trabalhos científicos, dentre eles Do mito à verdade científica. (1964), A criação artística e a psicanálise (1970), Orientação educacional e profilaxia mental (1974), Rumos do humanismo médico contemporâneo (1977), A criação artística e a psicanálise (1970), Perspectivas do humanismo psicanalítico (1973), Orientação educacional e profilaxia mental (1974), Rumos do humanismo médico contemporâneo (1977).
Volta ao conto em A entrevista (1968) e em Rodeio (estampas e perfis) (1976). As revoluções de 1893 e 1923 servem de pano de fundo para o romance Sombras na correnteza (1979), no qual homenageia seu pai Bilo Martins, transformando-o em personagem como dono de um boliche de beira de estrada. Continua alternando publicações de caráter científico e literário, com o lançamento de Perspectivas da relação médico-paciente (1979). Em 1980 publica A dama do saladeiro. Já a novela O príncipe da vila (1982) configura um salto em sua ficção. Logo publica os ensaios de O mundo em que vivemos (1983) e A mulher na sociedade atual (1984). Ambos mostram o ensaísta preocupado com problemas nucleares de nosso tempo, em que sobressaem a situação, a condição e o papel da mulher na sociedade atual. A revolução de 1930 é revisitada com um olhar irônico no romance Gaúchos no obelisco (1984). Já no romance Na curva do arco-íris (1985) convivem o analista e o ficcionista. Ao completar 80 anos publica o romance O professor (1988), em que o poeta simbolista Alceu Wamosy aparece como personagem em plena Revolução de 1923. Ainda em homenagem aos seus 80 anos, um grupo de amigos lança o Prêmio Literário Cyro Martins que, em 1990, premia Petrona Carrasco, de Valter Sobreiro Júnior.
Em 1990 realiza seu incomum livro de memórias, em parceria com Abrão Slavutzky, Para início de conversa. E, em 1991, seu último trabalho de ficção, a novela Um sorriso para o destino. Ainda publicaria uma série de ensaios psicanalíticos, em Caminhos. (1993) e, quando seria de esperar que falasse de si mesmo, surpreende discorrendo sobre seus amigos poetas, pintores e ficcionistas, em Páginas soltas (1994).
João Guimarães Rosa
O renomado escritor, João Guimarães Rosa, nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, em 27 de junho de 1908 e faleceu no Rio de Janeiro em 19 de novembro de 1967. Em 1925, matricula-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos. Segundo um colega de turma, Dr. Ismael de Faria, no velório de um estudante vitimado pela febre amarela, em 1926, teria pronunciado a famosa frase: "As pessoas não morrem, ficam encantadas", que seria repetida 41 anos depois por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras. Sua estréia nas letras se deu em 1929, ainda como estudante, ao escrever quatro contos: Caçador de camurças, Chronos Kai Anagke (título grego, significando Tempo e Destino), O mistério de Highmore Hall e Makiné, os quatro para um concurso promovido pela revista O Cruzeiro. Todos os contos foram premiados e publicados com ilustrações em 1929-1930. Formou-se em medicina em 1930, quando foi escolhido, por aclamação, orador da turma. Em 1931, vai exercer a profissão de médico em Itaguara, pequena cidade que pertencia ao município de Itaúna (MG), onde permanece cerca de dois anos. Relaciona-se bem com a comunidade, até mesmo com raizeiros e receitadores. Lá vê reconhecida sua importância no atendimento aos pobres e marginalizados, a ponto de se tornar grande amigo de um deles, de nome Manoel Rodrigues de Carvalho, mais conhecido por "seu Nequinha", que morava num grotão enfurnado entre morros, num lugar conhecido por Sarandi.
Em 1934, o então Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, após alguns preparativos, seguiu para o Rio de Janeiro onde prestou concurso para o Ministério do Exterior. Depois de assumir sua nova profissão, passa exercer suas atividades em diversos países estrangeiros.  Em 1952, um ano após retornar ao Brasil, faz uma excursão ao Mato Grosso. O resultado é uma reportagem poética: Com o vaqueiro Mariano. Segundo depoimento do próprio Manuel Narde, vulgo Manuelzão, falecido em 5 de maio de 1997, protagonista da novela  Uma estória de amor, incluída no volume Manuelzão e Miguilim, durante os dias que passou no sertão, Guimarães Rosa pedia detalhes de tudo e tudo anotava "ele perguntava mais que padre," tendo consumido "mais de 50 cadernos de espiral, daqueles grandes", com anotações sobre a flora, a fauna,  a gente sertaneja, usos, costumes, crenças, linguagem, superstições. Desta vasta experiência do autor com seres humanos das mais diversas inserções sociais, profissões, hábitos, falas surgem as inovadoras e imortais obras do autor. O poema Magma (1936). Não chegou a publicá-los. Em 1946 publica seu livro de estréia, Sagarana Em 1947 publica: Com o vaqueiro Mariano. Em 1956 publica Corpo de Baile, novelas.  Ainda em 1956 publica Grande Sertão: Veredas, romance. Em 1962 publica Primeiras estórias, contos. Em 1967, Tutaméia: Terceiras estórias, contos. Em 1969, Estas estórias, contos. Em 1970 publica Ave, palavra, diversos. Obra póstuma.
Archibald J. Cronin
Nasceu em 19 de Julho 1896, na Escócia e faleceu em 6 de janeiro de 1981.  A Cidadela, livro que publicou em 1937, é uma obra-chave da literatura médica. Este romance, com algumas referências autobiográficas, narra a história de Andrew Mason, um jovem médico que, apenas terminado o curso, inicia o seu trabalho profissional na industrializada Grã-Bretanha dos anos 30. O enredo é simples. Andrew parte para o País de Gales, onde inicia a sua prática como ajudante do velho médico de uma pequena aldeia mineira, Blaenelly. Confrontado com as terríveis condições de trabalho dos mineiros e com a saúde da comunidade, na qual os casos de febre tifóide se multiplicam, o Dr. Mason dedica-se de forma intensa aos seus doentes, pondo em prática todo o idealismo de um jovem médico. Casa-se com Christine, uma professora que o ajuda nos seus trabalhos de investigação acerca da silicose, patologia respiratória muito frequente em quem trabalhava nas minas.
Mais tarde, o casal parte para Londres. Na grande cidade, Andrew entra em contacto com a classe médica conceituada e poderosa que, vivendo da atividade privada, se dedica exclusivamente ao tratamento dos mais ricos. “Enriquecer é fácil. Injeções de água são pagas a peso de ouro por "doentes" que de nada padecem, mas julgam e querem padecer.” O protagonista, ao contrário do esperado, acaba por envolver-se nestes esquemas de dinheiro fácil, abandonando os princípios que até aí o haviam caracterizado. O seu idealismo transforma-se em cinismo e a exploração dos mais ricos substitui a dedicação aos mais necessitados.
Muito criticada pela classe médica da época, A Cidadela, publicada em Portugal pela Europa-América, ecoa o drama das escolhas éticas na prática da Medicina. Uma narrativa que mantém toda a atualidade, em especial quando se confrontam a ética e a integridade profissional com as tentações materialistas.
Mais tarde publicou ainda: As Chaves do Reino, O Castelo do Norte e O Jardineiro Espanhol. Ele criou, também o personagem Dr. Finlay, herói de uma série de histórias que serviram de base para programas de rádio e de televisão da BBC de Londres, intitulados: Dr. Casbook de Finlay.
Fernando Gonçalves Namora
Nasceu em Condeixa-a-Nova, em 15 de abril de 1919 e faleceu em Lisboa, em 31 de janeiro 1989. Já nos tempos de estudante, no Colégio Camões, em Coimbra, publica seu primeiro romance, As Sete Partidas do Mundo. Em 1932, ao se transferir para o Liceu Camões, de Lisboa, passa a redigir e a ilustrar o jornal manuscrito do Liceu. Acentua-se ali a sua vocação para as artes plásticas, manifestada desde a infância. Em 1935, regressa a Coimbra para estudar no Liceu José Falcão, onde assume a direção do Jornal Acadêmico, Alvorada. Durante esse período publica a coletânea de novelas intitulada Almas sem Rumo. Juntamente com Carlos de Oliveira e Artur Varela publica, em 1937, o livro de contos Cabeças de Barro. Em 1942, depois de formado em Medicina abre consultório em Condeixas. A convivência com as pessoas rudes e autênticas propiciaram-lhe uma experiência humana extremamente rica, tendo influenciado a sua obra ficcional, de modo particular nas obras Retalhos da Vida de um Médico e Domingo à Tarde. Foi conhecendo essas pessoas na intimidade, que Namora pode escrever Retalhos da vida de um médico, livro que muito o ajudou a obter reconhecimento público e ingressar no editorial internacional. Em 1938, publica seu primeiro livro de poemas, Relevos, e seu romance As Sete Partidas do Mundo, que obteve o Prémio Almeida Garrett. A partir daí, Fernando Namora mantém atividade constante de escritor e médico até 1965, ano em que abandona a Medicina para se dedicar por inteiro à escrita. 
Pedro Nava
Nasceu em Juíz de Fora, Minas Gerais, em 5  de junho de 1903 e faleceu no Rio de Janeiro (suicídio) em 13 de maio de 1984. Formou-se médico pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais em 1927. Depois de se mudar para o Rio de Janeiro, fez parte do grupo dos grandes escritores e poetas da sua época. Destacou-se como médico, memorialista, poeta, romancista, cronista, pintor, desenhista e de textos científicos ligados à história da medicina.
Em 1973, recebe os Prêmios Luísa Cláudio de Sousa (do PEN Clube) e Personalidade Global - Setor Literatura (Rede Globo de televisão e jornal O Globo) Em 1974 publica Balão cativo. E 1975 e recebe o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte e em 1976, recebe o Prêmio Machado de Assis de Memórias ou Crônicas, por Balão cativo.  Em 1978 publica Chão de ferro e, em 1980, o 4o volume de memórias, Beira Mar. Na Argentina, é publicado Poliedro, uma seleção de textos do Baú dos ossos e de Balão Cativo, organizada por Maria Julieta Drummond de Andrade. Em 1981 publica Galo-das-Trevas e As doze Velas imperfeitas. Em 1983 recebe o prêmio destaque (Ele/Ela).  E sai o último volume completo de suas memórias: O Círio Perfeito.
A seguir, Nava é empossado no cargo de Presidente em Comissão do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Participa de debate, “O Rio de Pedro Nava“, sobre a destruição das cidades, principalmente a do Rio de Janeiro, com outros escritores, urbanistas e arquitetos. O evento inaugurou a exposição “Pedro Nava - Tempo, Vida e Obra“, alusiva aos 80 anos do memorialista, promovido pela Fundação Casa de Rui Barbosa. Em 1984, O Círio Perfeito é premiado com o Livro do Ano, da Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo. No dia.13 de maio de 1984, suicida-se na Rua da Glória. Deixa incompleto: Cera das almas.
Roberto Bittencourt Martins
Médico psicanalista, radicado no Rio de Janeiro, há muitos anos e que começou muito cedo na arte da escrita. Em 1961 ganhou o Prêmio Machado de Assis com a publicação de Conjunto de contos. Em 1977-78, venceu um concurso de contos, do Paraná. Em 1981 publicou Ibiamoré o trem fantasma, considerada uma das melhores obras de ficção do Rio Grande do Sul. Em 1983 publicou outra coletânea de contos, intitulada: O vento nas vidraças. Em 1985, publicou Ardente amor e outras histórias.
Moacyr Scliar
Nasceu em Porto Alegre em 23 de março de 1937. Formou-se médico, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1962. Fez residência em Medicina Interna e, mais tarde continua se aperfeiçoando em Saúde Pública. Ocupou sucessivos cargos na Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, chegando a Diretor de Saúde Pública. Trabalhou para o Ministério da Saúde e da Organização Pan-Aamericana da Saúde. E foi professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre.
Para Moacyr Scliar, escritor de uma geração mais recente, além desses estímulos, havia a vida peculiar do seu berço e dos habitantes do Bairro Bom Fim de Porto Alegre, com quem convivera desde a infância. Contava ele ainda com as viagens imaginadas no mundo da leitura. E havia as lembranças do seu grupo literário de estudantes, quando cursava Medicina. Havia as experiências com a vida e a morte dos pacientes sofredores da Santa Casa de Misericórdia. Havia sua formação de médico sanitarista. E havia seu trabalho dedicado à saúde de populações.
Ao contrário dos seus antecessores Aureliano de Figueiredo Pinto e Cyro Martins, que alimentavam sua imaginação com personagens que circulavam, de forma predominante, pela Pampa, Moacyr Scliar nutre seu imaginário ficcional com personagens que vivem, sobrevivem, lutam e morrem nas cidades. Como Cyro Martins, Moacyr Scliar fez a seu tempo: a cada passo, um livro. Construiu, então, uma vasta obra literária, com mais de 70 livros publicados. Além das inúmeras premiações recebidas, em 31 de março de 2003 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, assumindo a Cadeira de número 31, até então ocupada por Geraldo França Lima.
Sérgio Ortix Porto
Nasceu em Soledade, em 11 de dezembro de 1937 e faleceu em Porto Alegre, em 24 de janeiro de 1988. Quando acadêmico foi líder universitário de intensa movimnetação, sendo um assíduo colaborador da Revista O Bisturi. Formou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1961. Especializou-se em Pediatria e como tal, foi o responsável pela implementação do Serviço de Pediatria do Grupo Hospitalar Conceição. Como escritor, fez parte, na década de 1960, do então intitulado: Nove do Sul.
      Produção Literária:
      Contos publicados em 1962: O louco, Noite de carnaval e Jurik.
      Romances: O Sol e o Verde (1982) e A Condessa e seus Rapazes (1987)
António Lobo Antunes
Nasceu em Lisboa, em 1942. Estudou na Faculdade de Medicina de Lisboa e especializou-se em Psiquiatria. Exerceu, durante vários anos, a profissão de médico psiquiatra. Em 1970 foi mobilizado para o serviço militar. Embarcou para Angola no ano seguinte, tendo regressado em 1973. Em 1979 publicou os seus primeiros livros, Memória de elefante e Os cus de judas. A partir de 1980, passa a publicar de forma sitemática, trabalho de resultou na publicação de 18 livros.
Nuno Lobo Antunes
Nasceu em Lisboa em 10 de maio de 1954, médico pediatra e escritor português. Licenciado em Medicina em 1977. Foi assistente hospitalar de Pediatria e coordenador da Unidade de Neuropediatria do Hosppital de Santa Maria, em Lisboa. Atuou como membro da Comissão de Neurologia do Children Oncology Group, consultor de Neurologia Pediátrica para o Departamento de Neurologia e Pediatria do Memorial Hospital for Cancer and Allied Diseases e para o Presbyterian Hospital, em Nova York. Como escrito tem os seguintes livros publicados Vida em mim, em 2010, Mal entendidos, em 2009, e Sinto muito, em 2008.
Ruy Germano Nedel
Nasceu em Ijuí em 5 de junho de 1937. Em 1966, formou-se médico pela então Fundação da Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre. Em 1984, publicou o romance baseado na vida heróico do índio Sepé Tiaraju, intitulado: De Sepé Tiaraju e o triste fim das Missões. Como político foi eleito várias vezes deputado federal. Em 2006 publicou Ego Sum: O mundo interior.
José Eduardo Degrazia
Nasceu em Porto Alegre em 05 de agosto de 1951. Formou-se em Pelotas. Membro da Academia Sul-Riograndense de Letras. No início dos anos 70 realizou, junto com escritora e professora Jane Tutikian e outros, a oficina de contos da UFRGS, com Moacyr Scliar e Lígia Averbuck. Recebeu vários prêmios, destacando-se entre eles o prêmio do Biênio da Imigração e colonização com O livro Lavra Permanente e o de contos O Atleta Recordista, ficou entre os três classificados - eram 360 - do concurso Nacional Nestlé de Literatura de 1996. Tradutor de sete livros do Pablo Neruda, para a Editora L&PM e Editora José Olympio do Rio de Janeiro. Coordenou junto com os colegas Franklin Cunha, Fernando Neubarth, Bláu Fabrício de Souza a série Médicos PRES(CREVEM).
Dentre suas múltiplas publicações, destacam-se: Lavra permanente (poesia), Cidade submersa (poesia), A porta do Sol (poesia), O samba da girafa (infantil), A caturrita cocota (infantil), Amor essa palavra (poesia), Em mãos (poesia), Noites nos Andes (poesia), Sete poetas gaúchos (poesia), Atleta recordista (Contos), Seus últimos lançamentos foram pela Editora Movimento, com Coleção Rio Grande: Novela Reino de Macambira, com o qual conquistou o Prêmio Livro do Ano, da AGES, em 2006, categoria texto longo. Seguem-se Poetas Italianos de Pascoali aos crepusculares.
Iván Izquierdo
Nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1937, formou médico em 1961. Fez Doutorado em Farmacologia na Universidade de Buenos Aires. Depois de casar com uma brasileira gaúcha, transferiu-se para o Brasil, no início da década 1970 e passou a trabalhar como pesquisador de tempo integral no Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRS, onde conquistou nome internacional com suas pesquisas.
Livros de ficção publicados Recordar é viver, Silêncio, Por Favor!, Francisco, o pássaro, o milagre; Releitura do Óbvio, Tempo e tolerância.
Nilson Luiz May
Nasceu em 15 maio de 1940. É médico formado pela Faculdade de Medicina da UFRGS em 1963. Surge na literatura, na década de 1970 com crônicas e contos, com os quais conquistou o Concurso Apesul, de 1989, com o romance Terra da Boa Esperança. Em 1994 publicou o livro de contos: Inquérito preto e branco. Em 200, pela Antologia Crítica do Conto Gaúcho, foi agraciado com o Troféu Amigo do Livro. Em 2000 publicou Céus de Pindorama. Em 2011 publicou Misteriosos Caso na Repartição Pública.
José Blaya Perez Filho
Médico, psiquiatra, psicanalista, poeta, contista e romancista, nasceu em Santa Maria, 6 de dezembro de 1947 e faleceu, em Porto Alegre, em 29 de janeiro de 2005. Formou-se médico pela então Fundação da Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre, no período de 1967 a 1972.
Livros de ficção publicados: Dom Casmurro era um cascudo, Última sessão, Não vi nascer John Lenon, Basta dizer que amei Natasha Pietova e Os nomes da nossa dor
Fernando Neubarth
Natural de Três Coroas, em 1960, viveu em Taquara até a época da faculdade, reside em Porto Alegre desde então. Formou-se médico na Faculdade de Medicina da UFRGS, em 1983. É especialista em clínica médica e reumatologia e presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Cursou a Oficina de Criação Literária, do Curso de Pós-Graduação de Letras, da PUC, coordenada pelo escritor Luiz Antônio de Assis Brasil e do Seminário de Leitura Crítica e de Criação, da professora Léa Masina. Em 1990 venceu o Concurso de Crônicas sobre a Feira do Livro da Praça da Alfândega. Em 1994 recebeu o Prêmio Editorial Henrique Bertaso e o Prêmio Açorianos , como melhor livro de contos e autor revelação. Em 1999 publica outra coletânea de contos intitulada À sombra das tílias, também indicada ao Prêmio Açorianos e vencedora do Prêmio Nacional Quero-quero para Médicos Escritores - 2000. Ainda em 2000, publica Memória das luzes, categoria crônica. Tem participações na organização ou convidado em diversas antologias literárias e publicações esparsas em jornais e suplementos literários. Foi um dos coordenadores da série Médicos (pr)escrevem e organizou, em 2008, para a Editora Casa Verde, o quarto volume de minicontos da série Lilliput, Contos comprimidos.
Franklin Cunha
Nasceu em Antônio Prado em 1939. Formou-se médico na Faculdade de Medicina da UFRGS em 1965 e é um dos signatários do jornal o Pascoal. Há anos trabalha em Porto Alegre, em serviço público e privado, na especialidade de Ginecologia. Cursou a Oficina de Criação Literária, do Programa de Pós-Graduação de Letras, da PUC, coordenada pelo escritor Luiz Antônio de Assis Brasil e do Seminário de Leitura Crítica e de Criação, da professora Léa Masina. Além de inúmeros trabalhos científicos de sua especialidade, no gênero ensaios, publicou inúmeros textos sobre assuntos diversos no Jornal Zero Hora, Porto Alegre RS.Foi um dos editores da série Médicos PRES(CREVEM). Além de três contos publicados ao término da Oficina Literária, coordenado por Assis Brasil.
Publicou dois textos longos: Deuses Bruxas e Parteiras, A Lei primordial e outros ensaios. No compêndio UFRGS Identidade e Memórias – 1934 -1994, publicada pela Editora da Universidade, Franklin Cunha colaborou com o texto intitulado: Anos de vento frio. Em 2010, publicou A raiz da Esperança.
Waldomiro Carlos Manfroi
Nasceu em Nova Bréscia em 6 de janeiro de 1937. Fez os estudos primários numa escola pública na vila chamada Pinhal, município de Palmeira das Missões. Cursou o ginásio em Sarandi e Cruz Alta e concluiu o científico no Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Formou-se na Faculdade de Medicina da UFRGS em 1965. Foi orador da turma e um dos fundadores e signatário do Jornal O Pascoal. Fez três anos de Residência Médica em cardiologia, um ano e meio de aperfeiçoamento nos Estados Unidos da América do Norte. Fez Especialização em Educação e Doutorado em Cardiologia. É Professor Titular do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Foi Diretor da Faculdade por dois períodos, 1985-1988 e 2001-2005. Pró-Reitor de Extensão da UFRGS, de 1988-1992. É Professor Emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Membro da Cadeira 30 da Academia de Letras do Rio-Grande do Sul e da Cadeira 58 da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina.
Em 1997, cursou a Oficina de Criação Literária, do Programa de Pós-Graduação de Letras, da PUC, coordenada pelo escritor Luiz Antônio de Assis Brasil e participou, durante 3 anos do Seminário de Leitura Crítica e de Criação, da professora Léa Masina.
Como escritor publicou o Romance Tempo de viver – 1992, O último vôo em 1994, A Confissão do espelho, em 1999, Os demônios do lago, em 2004, Férias interrompidas, em 2005. Em 2009 publicou a coletânea de contos: Sinfonia às avessas. Em 2011, o romance Vestígios.
Participou em Contos de Oficina em 1988 e das Séries Médicos PR(Escrevem) 1997-1998-1999.
Blau Fabrício de Souza
Nasceu em Lavras do Sul, em 08/09/1940 e formou-se médico pela Faculdade de Medicina da UFRGS em 1965. É também um dos fundadores e signatários do jornal O Pascoal. Cursou a Oficina de Criação Literária, do Curso de Pós-Graduação de Letras, da PUC, coordenada pelo escritor Luiz Antônio de Assis Brasil e do Seminário de Leitura Crítica e de Criação, da professora Léa Masina. Foi um dos coordenadores da série Médicos PRES(CREVEM).
Participou da publicação Contos de Oficina, em 1992. Publicou De Todo Laço (1992), Contos do Sobrado, de 1998 e um livro de crônicas intitulado e Uma no cravo, outra na ferradura, em 2004. Dois livros de memórias de uma infância de ricas rememorações de pessoas que lhe foram gratas, familiares ou não. Fala de um passado remoto, de vida na estância. Vai na linha das velhas histórias do Pampa, do mais puro sentimento do gaúcho e causos de galpão. Foi um dos editores da série Médicos PRES(CREVEM).É membro do Instituto Histórico e Geográfico Rio-Grandense.
Júlio César Conte
Nasceu em 24 de julho de 1955 em Forqueta, Caxias do Sul. Ingressou na Faculdade de Medicina da UFRGS em 1975 e no Departamento de Arte Cênica do Instituto de Artes em 1977. Frequentou os dois cursos, de modo simultâneo, como era permitido na época e formou-se, em Direção Teatral no ano de 1984 e em Medicina no ano de 1985, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fez Curso de Especialização em Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica no Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre em 1990.
Escreveu e dirigiu "Bailei na Curva", "Não Pensa Muito Que Dói", "Cabeça Quebra Cabeça", "Zona Proibida", "Pedro e a Girafa", "Um Negócio Chamado Família", "A Coisa Certa", "Se Meu Ponto G Falasse" e "O Bafafá da Calça Azul Marinho", "Mecânica do Amor" entre outras.
Ganhou vários prêmios de teatro adulto e infantil, entre eles se destaca Melhor Espetáculo e Melhor Diretor por "Não Pensa Muito Que Dói", em 1982. Troféu Açorianos – Prêmio Especial do Júri – para "Bailei na Curva, 1983. Mas o mais importante nesta fase foi "Os Melhores do Ano: Prêmio Inacen Ministério da Cultura", (ex Troféu Mambembe) para "Bailei na Curva" que dirigiu na cidade do Rio de Janeiro em 1985. No ano seguinte esta montagem representou o Brasil no Festival Internacional de Expressão Ibérica na cidade do Porto em Portugal. "Bailei na Curva" foi novamente montado em agosto de 94 a pedido da Diretora do Theatro São Pedro, Eva Sopher, para comemoração dos 10 de reabertura daquele teatro. A peça seguiu em cartaz até janeiro de 1997 e "Bailei na Curva" - em encenação gaúcha - já foi vista por mais de novecentas mil pessoas. O texto recebeu, desde a sua criação até o momento, em torno de vinte e oito montagens em todo o Brasil.
"Se Meu Ponto G Falasse" é outro destaque com temporadas no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro já realizações mais de 605 apresentações. Permaneceu dois anos em cartaz no Rio de Janeiro, várias temporadas em Porto Alegre e viajou no Circuito de Espetáculos pelo inteiror do Estado. Este texto, escrito juntamente com Patsy Cecato e Heloísa Migliavacca, recebeu o Troféu Açorianos de Literatura – Texto Dramático no ano de 1999.
Recebeu ainda o prêmio de Melhor Diretor com "Pedro e a Girafa", Troféu Quero-quero, conferido pelo Sindicato dos Artistas, escolha feita pelos colegas da classe teatral em votação democrática. Recebeu o Prêmio Qorpo Santo de Dramaturgia Infantil com a peça "Vamos Brincar de Apagar a Luz", Troféu Açorianos de Melhor Texto Dramático com a peça O REI DA ESCÓRIA, 2006. Na área de dramaturgia manteve durante anos um curso permanente em torno do qual foi implantado um Núcleo de Drama, do qual surgiram vários dramaturgos
Jaime Vaz Brasil
Nasceu em Bagé em 30 de dezembro de 1962, formou-se em medicina na Faculdade Católica de Pelotas, em 1987, e fez a residência na Clínica Pinel de Porto Alegre. Atualmente trabalha como médico psiquiatra; é poeta, compositor e contista.
Livros publicados: Inventário de Cronos, Livro dos Amores, Punhais do Minuano, Os olhos de Borges, Pandorga da Lua(CD).
Contos: Nosso tio, tenente Alfredo Nunes, contava histórias; Cordeiro de Deus; O Duelo Final, Milonga Triste Para Adão Latorre, O Amor de Amar para Sempre.
Prêmios: Vencedor do Prêmio Açorianos de Melhor Composição para Teatro, em parceria com Flávio Vaz Brasil. Vencedor do Prêmio Paulo Sérgio Gusmão, com o poema "O Amor Intestino", integrante do "Livro dos Amores" Vencedor do Concurso Literário Felippe d'Oliveira, com o poema "A Primeira Morte". Vencedor, por três edições, do Prêmio Melhor Letra (Troféu Apparício Silva Rillo), da Califórnia da Canção. Vencedor de vários festivais de música, como letrista.
Celso Gutfreind
Nasceu em Porto Alegre, em 1963. Como médico, especializou-se em Medicina Geral Comunitária n0 Hospital Nossa Senhora da Conceição; Psiquiatria, na Fundação Mário Martins e Associação Brasileira de Psiquiatria e Psiquiatria Infantil, na Universidade Paris V. Realizou na França Doutorado em Psicologia Clínica, na Universidade Paris XIII) e Pós-Doutorado em Psiquiatria Infantil, no grupo hospitalar Pitié-Salpetrière, da Universidade Paris VI. Atualmente, é professor da graduação na Faculdade de Medicina e pós-graduação em Saúde Coletiva da ULBRA e da Fundação Universitária Mário Martins.
Como escritor tem 12 livros publicados, entre poesia e histórias infantis. Também participou de diversas antologias e recebeu vários prêmios. Tem textos traduzidos para o espanhol, francês e inglês. Colabora na imprensa, assiduamente, sobretudo com crônicas.
Dos livros publicados, destacam-se: Nado, Os inocentes, Promessa de palavra, A longeva, Prescrição de andarilho.
Léo Trombka
Nasceu em Porto Alegre em 23 de agosto de 1946. Formado em Medicina pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, em 1970. Fez Especialização em Cardiologia pela Fundação Universitária de Cardiologia de Porto Alegre - Instituto de Cardiologia. Exerce Medicina em Porto Alegre, pertencendo ao grupo de cardiologia do Hospital Moinhos de Vento. Começou a escrever contos em 1993, em pleno exercício da atividade médica. Freqüentou a Oficinas de Criação Literária com os escritores Charles Kiefer e Luiz Antônio de Assis Brasil, este último, no Pós-Graduação de Letras da PUC. Integrou o grupo de Criação e Crítica Literária da professora Léa Masina.
Participou nas antologias Médicos contam contos(1999), Contos de oficina(2000), Médicos (PR)escrevem, com o cômico e o inesquecível, Contos do novo milênio (2006).
Autor do livro Sempre é tempo de ninar um pai e outros contos (2003).
Juarez Guedes Cruz
Nasceu em Porto Alegre em 1943. Formou-se em 1967, pela Faculdade de Medicina da UFRGS. Especialização em Clínica Psiquiátrica pela UFRGS. Fez formação analítica na Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, da qual é membro efetivo e analista didata. Quando estudante de medicina foi um dos redatores do jornal "Cacique Abestardo." Desde a especialização em psiquiatria apresentou em congresso e publicou em revistas especializadas, vários trabalhos científicos. Participou e participa dos Seminários de Leitura Crítica e Criação da professora Léa Masina. A partir de 1996 passa a escrever ficção de forma mais sistemática. Venceu o Prêmio Açoriano de Literatura, em 2004, com livro de contos A cronologia dos gestos. Em 2007, publicou outra antologia de contos intitulada Alguns procedimentos para ocultar feridas.
Khaled Hosseini
Em 1976, Khaled Hosseini e sua família se mudam para Paris, por conta do novo emprego do seu pai. Eles não voltaram mais ao Afeganistão porque, enquanto estavam em Paris, comunistas tomaram o poder do país por meio de um golpe. Deste modo, foi consentido à família Hosseini, asilo político, nos EUA, onde passaram a residir em São José da Califórnia. Suas propriedades foram todas deixadas no Afeganistão e eles foram forçados a sobreviver com ajuda governamental por um curto perído. Khaled formou-se na escola secundária em 1984 e inscreveu-se na Universidade de Santa Clara, onde ganhou título de Bacharel em Biologia, em 1988. Após alguns anos, ele ingressou na Universidade da Califórnia, San Diego, escola de Medicina, onde recebeu o título de Doutor em 1993. Ele completou o período de residência em Medicina Interna na Cedars-Sinai Medical Center, em Los Ângeles, no ano de 1996. É casado com Roya Hosseini (sobrenome de casada), e tem dois filhos, Harris e Farah, a quem considera a noor de seus olhos
Seus dois livros, O caçador de pipas e A cidade do sol, figuraram como os mais vendidos por muitos meses, em todo mundo.
Irvin G. Yalom
Descendente de imigrantes russos pobres, nasceu em Washington em 13 de junho de 1931, criou-se na periferia da cidade, em bairro pobre de negros e poloneses segregado. Estudou em colégios públicos do seu distrito. Formou-se médico e hoje é Professor de Psiquiatria da Escola de Medicina de Stanford, dos Estados Unidos da América do Norte. Nos últimos anos tem se dedicado, cada vez mais a publicar livros inovadores sobre psicanálise e de ficção, dos quais, alguns se tornaram Best- Sellers, em todo o mundo. Quando Nietzsche chorou, Mentiras do divã, Psicoterapia de grupo, são os exemplares mais conhecidos.
Abraham Verghese
Nasceu em de Adis Abeba, Itiópia, de pais indianos, onde começou seus estudos. Com a queda do Imperador Haile Selassie, ele viajou para os Estados Unidos da América do Norte, onde já se encontravam seus pais, retornando tempos após, para terminar seus estudos de Medicina na Faculdade de Medicina de Madras na Índia. Fez toda sua formação pós-graduada em Medicina em hospitais dos Estados Unidos. Quando surgiu a AIDS em 1985 Dr. Verghere passou a se dedicar de forma intensiva aos inúmeros pacientes que, na ocasião, pouco ou nada se tinha a oferecer.
Seu primeiro livro como escritor, Minha Terra (1995), explora temas como deslocamento e diáspora, texto que foi readaptado pela cineasta Mira Nair num filme para televisão. No seu segundo livro, 11º Mandamento, Verghese narra de forma ficcional a trama de dois gêmeos nascidos em 1954 em Adis Abeba. Eles são filhos de uma freira que morre no parto e de um cirurgião, que desaparece logo após o nascimento das crianças. Os dois gêmeos sobrevivem e são adotados pela família de um médico da casta Madras. E, já adultos, se apaixonam pela mesma mulher. Por causa dessa paixão, os irmãos se afastam. Um deles se forma médico e se refugia no trabalho num hospital de Nova York. Com o sucesso alcançado na literatura, decidiu estudar Literatura na Universidade de Iowa, obtendo o grau de Mestre em Artes em 1991. Desde então, seus livros tem aparecido com destaque nos maiores jornais dos Estados Unidos. Além de se tornar famoso por seus livros se tornarem best-sellers na Índia e nos Estado Unidos da América do Norte, Verghese é conhecido e reconhecido pela sua atuação em defesa do meio ambiente e pela sua prática médica e docência fundamentada na Arte Hipocrática de examinar os pacientes.
Porto Alegre, 18/10/2011
Waldomiro C. Manfroi

Academia Rio-grandense de Letras

PATRONOS

CADEIRA 2

Carlos Von Koseritz

Karl Julius Christian Adalbert Heirich Ferdinand Von Koseritz, no Brasil, assinava-se Carlos Von Koseritz. Nasceu em Dassau, Alemanha, a 3 de fevereiro de 1834 e faleceu em Porto Alegre, em 29 de maio de 1890. Koseritz marcou a produção cultural do Rio Grande do Sul com sua contribuição de cientista, orador, jornalista, historiador, teatrólogo, romancista e político.

Nos tempos conturbados da campanha de unificação da Alemanha, pelo Estado da Prússia, teve que se refugiar num navio que transportava soldados mercenários, chamados de Brummers, destinados a formar a...

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