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João Cezimbra Jacques e a historiografia do Rio Grande do Sul - Moacyr Flores
26 de novembro de 2014
Moacyr Flores¹
João Cezimbra Jacques (1849-1922) é patrono do tradicionalismo no Rio Grande do Sul, por ser o fundador do Grêmio Gaúcho em 22 de maio de 1898, na cidade de Porto Alegre, entidade voltada para as tradições do Estado, realizando desfiles de cavalarianos com indumentária à gaúcha, organizando conferências, palestras, convescotes com churrasco e música, reunindo homens e mulheres de todos os segmentos sociais.
O movimento tradicionalista do Grêmio Gaúcho teve seu processo interrompido em 1937, com o Estado Novo, quando Getúlio Vargas determinou o fechamento das instituições regionalistas, pondo em prática sua política nacionalista. O regionalismo retornou em 28.04.1948, com a criação do 35 CTG, em Porto Alegre. Em 28.10.1966 foi fundado o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que congrega a maioria das entidades tradicionalistas do Rio Grande do Sul.
No artigo 1o dos Estatutos do Grêmio Gaúcho constam os objetivos da entidade:
(...) congregar seus associados para fins recreativos, culturais, esportivos e especialmente cultivar as tradições gaúchas, inspiradas na personalidade inconfundível do ínclito general Bento Gonçalves da Silva.
Aqui já começa a confusão: as tradições gaúchas de João Cezimbra Jacques são idealizadas, gerada pelo mito do gaúcho reordenado pela estância e pelo núcleo urbano. O gaúcho do tempo de Bento Gonçalves da Silva é o marginal, o campeiro que só tem trabalho no período da safra, de novembro a março, tendo que gauderiar os demais meses do ano. Este tipo social não serviria de modelo a Bento Gonçalves da Silva, estancieiro e coronel da Guarda Nacional, depois presidente da República Rio-grandense. Não podemos esquecer que os farroupilhas lutaram para formar uma nova nação, sob forma republicana e com idéias modernas do iluminismo. Portanto, os farrapos eram contra a tradição, necessária para sustentar a monarquia, através da manutenção da ordem, da religião e do Estado unitário e autoritário. Os farroupilhas pretendiam a renovação através de uma República federativa, constitucional e liberal, portanto não podiam ser tradicionalistas.
Por que usar Bento Gonçalves como modelo? Cezimbra Jacques era seguidor da doutrina de Auguste Comte. A teoria histórica positivista tem como objeto o fato histórico e o herói como único agente desencadeador dos acontecimentos. Assim, a história não é uma ciência, mas um estudo que permite descobrir as leis que servirão de base para a sociologia, a verdadeira ciência social. O passado serve de modelo cívico para o presente, dentro da máxima comtiana de que "os vivos são cada vez mais governados pelos mortos". A história positivista se transformou numa narrativa, sem preocupações com as causas, explicadas pelo próprio modelo. As causas são restringidas aos efeitos do meio físico e da raça.
Não podemos esquecer a conjuntura política da época de fundação do Grêmio Gaúcho: era o período da chamada "ditadura científica", quando ainda a oposição era considerada como um fator que devia ser eliminado. A oposição fora esmagada na sangrenta Revolução Federalistas (1893-95) e o Rio Grande do Sul estava dividido politicamente. A figura de Bento Gonçalves da Silva servia como herói neutro para todas as correntes políticas, chimangos, pica-paus, monarquistas e republicanos. Júlio de Castilhos, o vencedor, teve a glorificação após sua morte, mas não era um herói para unir os rio-grandenses. Além disso, o governo castilhistas implantara uma sociedade industrial, em detrimento da agro-pecuária. Não servia como modelo do gauchismo, nem ele e nem Antônio Augusto Borges de Medeiros. Aliás, Ramiro Barcelos para ridicularizar Borges de Medeiros, transformou-o no gaúcho Antônio Chimango, verdadeira ofensa a quem via na industrialização o progresso da humanidade.
João Cezimbra Jacques partia do princípio de que a volta ao passado, "ao grandioso passado adormecido, é avançar e não recuar, porque isto constitui um meio eficaz de cultura cívica". Em seus escritos, a tradição se confunde com o nacionalismo e com o civismo, talvez por causa de sua preparação militar. Pensadores como Alberto Torres, afirmavam que faltava o sentimento de nacionalismo ao brasileiro.
O Ensaio Sobre os Costumes do Rio Grande do Sul, editado em 1883, inicia com a descrição geográfica, demonstrando a dependência do ambiente cósmico que, no Rio Grande do Sul, "tudo cria robustamente, onde a atmosfera é pura e o clima agradabilíssimo".
Seus conceitos e classificações dos grupos indígenas seguem a teoria positivista: os índios estavam no estágio teológico e fetichista, com seus curandeiros pajés e xamãs. Os índios missioneiros, de sentimentos mais elevados, viviam nas reduções sob um governo teocrático que mantinha a escravidão indireta. Por um erro comum em sua época, Cezimbra Jacques coloca os índios Patos no Rio Grande do Sul, junto à Lagoa dos Patos. No século XVII o acidente Laguna dos Patos era em Santa Catarina, hoje chamado simplesmente de Laguna, local dos índios Patos! Outra confusão é com os Tapes, que classifica como uma nação confederada aos Minuanos. O padre Roque González chama de índios do Tapê, isto é, de uma região, não existindo índios Tapes e nem confederados aos Minuanos. É pena que não tivesse utilizado seu conhecimento de guarani para estudar os costumes indígenas.
Sem qualquer documentação, baseado em tradição oral, afirma que os jesuítas levantaram um forte na ponta interior do morro de Itapuã. O pior é que conclui que os missionários deixaram-se seduzir pelo ouro, desviando-se completamente do nobre fim a que foram destinados pelo governo espanhol. Cezimbra Jacques não informa onde estavam as fabulosas minas de ouro nas Missões Jesuíticas. A narrativa sobre as missões jesuíticas está centrada na obra do Cônego João Pedro Gay e no poema de Basílio da Gama, que ele transcreve em parte como citação histórica, pois para ele não há diferença entre a narrativa histórica e literária.2
No estudo sobre as cidades, defende a idéia de maior autonomia aos municípios, sufocados pela centralização. Afirma que a República Rio-grandense fundou a cidade de Uruguaiana, quando na verdade foi apenas uma capela no local de pouso de carreteiros.
A raça é o fator importante para o autor. Cezimbra Jacques considera a moral e os atributos físicos como elementos hereditários. Assim os rio-grandenses diferem de seus vizinhos platinos e dos demais brasileiros por seus usos, costumes, linguagem e traje, além de apresentarem as características de bondade, liberdade e nacionalidade melindrosa.
Esta raça forte e vigorosa é formada pelos lagunenses, paulistas, mineiros e índios minuanos. Movido por sua teoria positivista, considera a raça negra como sendo de natural inferioridade moral e que no Rio Grande do Sul há pouca mistura pela natural repugnância na aproximação dos sexos, especialmente o feminino branco com o masculino negro. Considera que foi fácil a união do branco com o índio, sendo que até 1839 o guarani era a língua mais usada na província, sem explicar o porquê desta data nem porque foi mais fácil.
Sendo assim, os rio-grandenses herdaram todos os dotes morais e físicos dos seus antepassados, sua alimentação na base de carne gorda dá-lhe três vezes mais energia, o clima se rivaliza com os melhores da Europa e finalmente, mesmo sendo pobre, não lhes faltam meios de alimentação, portanto não são conduzidos à baixeza e ao servilismo. E finalmente, o andar a cavalo imprime no homem certa energia moral. Sendo assim, para Cezimbra Jacques o rio-grandense difere essencialmente nos costumes dos habitantes das outras províncias do Brasil por causa do clima e da topografia. Pelo jeito, no tempo de Cezimbra Jacques todos os cavalos do Rio Grande do Sul tinham boa andadura quer a trote, quer a galope.
Sem apresentar documentos ou dados estatísticos, afirma que nossa província possuía baixa taxa de criminalidade, pois a maioria dos crimes eram praticados por estrangeiros. Os rio-grandenses matavam por vingança, quando tinham sua honra ou nacionalismo melindrados.
Seguindo a descrição de Nicolau Dreys, João Cezimbra Jacques mistura o gaúcho histórico com o habitante em geral do Rio Grande do Sul, erro que persiste entre os tradicionalistas até hoje.3
Ao enumerar os divertimentos, relembra as antigas danças nos bailes de fandango nos salões das estâncias. Essas danças desceram até a senzala e aos bailes de chinas, únicas defensoras desses tipos de danças. Nos salões das estâncias, a partir de 1840, passaram a dançar a valsa, o reel, a gavota e mais tarde a polca, as contradanças e a mazurca.
Reúne por temas várias quadrinhas de poesia popular, sem dar a origem e nem como as coletou, misturadas com fragmentos de poesia de Delfina Benigna da Cunha, de Amália Figueiroa. O penúltimo capítulo é um glossário de termos regionais empregados na província. Conclui o livro com dados estatísticos, explicando a forma de ensino, a colonização da província, a força pública e uma grande nota sobre um pequeno vocabulário da língua guarani.
O livro Assuntos do Rio Grande do Sul, publicado em 1912, reúne vários artigos publicados na imprensa. Cezimbra Jacques dá como objetivo desta coletânea auxiliar a cultura cívica e fornecer dados aos historiadores para enriquecerem a gloriosa história da nossa terra. No entanto, poucos historiadores usaram os dados de Cezimbra Jacques, que são mais literários do que históricos. Cezimbra Jacques pagou por ser um dos pioneiros na coleta do folclore e de dados históricos, pois como a maioria dos intelectuais de sua época, não tinha técnica de pesquisa e nem metodologia, embora estivesse convencido que escrevia de maneira científica porque seguia a doutrina positivista.
O autor introduz os assuntos em cada artigo com exagerada modéstia, mas usa e abusa de adjetivos que tornam o discurso pedante, de acordo com o modelo em voga em seu tempo.
Cezimbra Jacques apresenta os heróis que movimentam nossa história como valorosos e denodados. A formação do rio-grandense origina-se nos açorianos e nos bandeirantes que se instalaram nos Campos de Cima da Serra. Ele ignora o início de povoamento pelos Campos de Viamão e por Rio Grande. Na realidade os Campos de Cima da Serra só começam a ser povoados na década de 1770, com gente que subia dos Campos da Viamão e da Depressão Central. Ignora também que os bandeirantes não se fixaram no Rio Grande do Sul, apenas destruíram as reduções jesuíticas como autênticos piratas de terra. Ele confunde os vicentista e paulistas que vieram como tropeiros e soldados com os bandeirantes, profissão de pilhadores.
Cezimbra Jacques salienta novamente que houve cruzamento de brancos com índios, mas não com o negro por preconceitos étnicos. Também considera a contribuição dos espanhóis para nossa cultura, quando eles se refugiaram em nossa província, ao fugirem das crueldades praticadas por seus caudilhos.
É interessante registrar textualmente o que Cezimbra Jacques escreve à pagina 30, levada por sua teoria positivista, sobre a propalada raça rio-grandense:
Essa cruza dos açorianos, paulistas, espanhóis, índios, especialmente tapes, minuanos e charruas, constituiu o gaúcho sul-rio-grandense, homem resistente na adversidade, alegre nos folguedos, dedicado e leal como amigo e temível como inimigo, tanto nas discórdias pessoais, como na guerra a peito descoberto. Bom cavaleiro por hábitos desde a mais tenra idade nada deixa a desejar como infante e como marinheiro, conforme deus provas na guerra do Paraguai, nas ocasiões em que se tornou necessário resvalar os arreios do seu pingo querido e por pés em terra ou em navios para combater. Em uma palavra, o Gaúcho é homem para o que se ofereça, tanto no que toca ao labor dos campos, como ao trabalho intelectual, sendo acessível aos grandes progressos, os quais o não surpreendem.4
O autor relaciona vocábulos de origem indígena e espanhola, considerando que por influência mesológica e vizinhança do Rio da Prata, falamos um dialeto derivado do português, pois nossa província se diferencia das demais. Entra em contradição quando afirma que no Rio Grande do Sul se fala o melhor português. Afinal, é um idioma ou um dialeto? Será que ele não confundiu o linguajar da fronteira, com suas sílabas tônicas bem pronunciadas, como dialeto?
O livro torna-se interessante na parte referente ao amplo levantamento do folclore do Rio Grande do Sul, reproduzindo poemas populares, músicas, crendices e descrição de indumentária. Cezimbra Jacques é o responsável pela versão errônea de que o serigote seria a corruptela da frase em alemão "Das ist sehr gut", que um lombilheiro germânico em São Leopoldo respondia quando lhe perguntavam se o lombilho que ele fabricava era bom.
Em português temos o termo selim com o significado de sela rasa; e selote: sela rasa sem arção, o mesmo que selim; selagão: espécie de sela que tem arção pequeno e é rasa atrás; selagote: espécie de sela rústica, conforme serigote.5
Há documentos no Arquivo Histórico que já registram serigote antes da chegada dos imigrantes alemães.
Cezimbra Jacques também se engana na versão da origem da bombacha, dando-a como turca. Suas versões sobre as origens dos termos monarca das coxilhas, guasca e gaúcho são improcedentes, mas bem a gosto de tradicionalistas românticos.
O autor narra como criou o Grêmio Gaúcho, seus objetivos de preservar e incentivar as honrosas e gloriosas tradições de nossos maiores.
O segundo capítulo aborda com ingenuidade e palavreados do teoricismo positivista, a visita de índios às autoridades em Porto Alegre, faltando ao autor a acuidade para interpretar as culturas indígenas do Rio Grande do Sul. Para ele "os coroados selvagens eram cruéis, tinham muito medo de armas de fogo e atacavam traiçoeiramente as comitivas que atravessavam os pontos, tais como as passagens dos matos Castelhano e o Português e assim também os moradores". Já os índios civilizados se "mostram humildes, bondosos e revelam mesmo aptidão para o trabalho e inteligência capaz de assimilar o que se lhes ensinar". Depois ele descreve as tribos que ocuparam o Rio Grande do Sul, os charruas mansos são considerados como ladrões de gado, amantes dos jogos de carta. Considera que os índios do Rio Grande do Sul, na década de 1910, vivem mergulhados nas trevas e vitimados pela perseguição e exploração de almas perversas.
Essa obra também apresenta uma coletânea de poesias gauchescas, complementadas por vocabulário regional.
Os historiadores praticamente não usam as obras de Cezimbra Jacques como fontes de referências. As citações referem-se à sua coleta do folclore do Rio Grande do Sul, assim mesmo poucos citam os ensaios de Cezimbra Jacques, talvez pelo fato de seu cancioneiro ser obra de compilação de fontes escritas.
Augusto Meyer refere-se que Cezimbra Jacques transcreveu as quadrinhas que constam no Ensaio Sobre os Costumes do Rio Grande do Sul, do jornal Gazeta de Porto Alegre, coletadas por Carlos Von Koseritz, e que Cezimbra Jacques divulgou a dança do Chico e do Zorrilho que não eram dançadas mais em Cima da Serra, apenas pelos fazendeiros e por algumas famílias do vale do rio Caí e dos Sinos. Outra anotação sobre Cezimbra é referente à dança escocesa chamada de reel, anotada como ril (Meyer: 59, 66).
Augusto Meyer refere-se à "deliciosa ingenuidade" de Cezimbra Jacques que coletou a dança fandango (Meyer: 60).
Critica que a dança balaio, registrada como dança original por Cezimbra Jacques, não passa de um lundu cantado no Nordeste brasileiro (Meyer: 61).
Lá pelas tantas, Meyer considera Cezimbra Jacques como um folclorista amador que aumenta os números de danças e lendas no Rio Grande do Sul (Meyer: 62).
Por fim, registra ao pé de página, que se deve a Cezimbra Jacques a descrição menos incompleta da tropeada constante na obra Ensaio Sobre os Costumes do Rio Grande do Sul (Meyer: 209).
O historiador Souza Docca refere-se ao termo Jarau, como sendo dos índios yarós, conforme informação de João Cezimbra Jacques. O historiador discorda e acha que o vocábulo provém da lenda aproveitada por Simões Lopes Neto, significando "boca da escuridão".
O ensaísta Jorge Salis Goulart, sem se referir à obra ou à página, usa uma pequena citação de Cezimbra Jacques:
Mal grado o pouco número de habitantes, um dia de carreira reunia grande multidão de pessoas (Goulart: 93).
Manoelito de Ornellas, em seu criativo ensaio literário Gaúchos e Beduínos, considera o livro Assuntos do Rio Grande do Sul como um caótico porém valiosíssimo conjunto de informações reunidas por Cezimbra Jacques. Usa como referência sobre a origem da bombacha uma conclusão de Cezimbra Jacques:
Quanto a bombacha assassina de chiripá, como a gaita o é da viola, e que forma hoje uma parte do traje gaúcho incompleto dos nossos dias, não é um artigo de vestimenta característica do verdadeiro gaúcho, pois que ele não é originário da América do Sul e muito menos do pampa. É antes uma vestimenta turca (Ornellas: 163).
Em nota ao pé de página, Manoelito de Ornellas refere-se a Cezimbra Jacques como um curioso que coletou a tradição oral sobre indumentária no Rio Grande do Sul (Ornellas: 181).
Repete a versão errada de Cezimbra Jacques sobre a origem do termo serigote (Ornellas: 251).
Guilhermino César relaciona os primeiros a coletarem depoimentos dos antepassados, como Apolinário Porto Alegre, Cezimbra Jacques, Simões Lopes Neto, Severino de Sá Brito, Manuel Bastos, Antônio Stenzel Filho e Luís de Araújo Filho, que deixaram obras valiosas, "enquanto que a crítica moderna, apetrechada de melhores recursos, aprofunda o conhecimento da demografia folclórica (César: 39).
Em sua História da Literatura no Rio Grande do Sul, Guilhermino usa trechos da poesia popular coletada por Cezimbra Jacques e critica o livro O Direito na Sociologia como sendo "o último trabalho mais ou menos sério da geração coetânea de Castilhos, inspirado na filosofia do mestre francês". Guilhermino considerou a tentativa de sistematização do Direito, pretendida por Cezimbra Jacques como um "assunto forte demais para as suas limitadas aptidões" (César, 1971: 348).
Conclusão
A narrativa de João Cezimbra Jacques é discursiva, com muitos adjetivos, pois o autor pretende convencer que somos uma super raça, por influência mesológica. Não apresenta documentação, seus dados são baseados na experiência pessoal e no uso da teoria de Augusto Comte. Sua preocupação maior é despertar o orgulho de ser gaúcho.
Folclorista amador, como todos de sua época, coletando dados da tradição oral ou da Gazeta de Porto Alegre, em 1880, apresenta um trabalho desordenado e sem metodologia confiável. Suas assertivas nem sempre são corretas, principalmente quando trata do assunto gaúcho. Seus coetâneos não confiavam em suas coletas. Augusto Meyer foi implacável com sua crítica contundente.
Sendo republicano de primeira hora e tendo participado da propaganda positivista é de estranhar que seus trabalhos tenham caído no esquecimento, pois outros intelectuais amadores do mesmo nível de Cezimbra Jacques foram utilizados como fontes de referência por seus contemporâneos.
Bibliografia:
CÉSAR, Guilhermino. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1970.
____________. História da Literatura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1971.
DOCCA, Souza. Vocábulos indígenas na geografia rio-grandense. In Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, Ano v, I e II trimestres. Porto Alegre, 1925, p. 126.
FLORES, Moacyr. Historiografia - Estudos. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1989.
GOULART, Jorge Salis. A formação do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins, 1985.
JACQUES, João Cezimbra. Costumes do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: ERUS, 1979.
_____________. Assuntos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: ERUS, 1979.
MARIANTE, Hélio Moro - História do tradicionalismo sul-rio-grandense. Porto Alegre: Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, 1976.
MAYER, Alcides. Prosa dos Pagos. Rio de Janeiro: São José, 1960.
ORNELLAS, Manoelito de. Gaúchos e beduínos - a origem étnica e a formação social do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: São José, 1976.
1 Professor Doutor de História do Programa de Pós-graduação de História da PUCRS.
2 GAY, Cônego João Pedro. História da República Jesuítica do Paraguai. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1942. GAMA, Basílio da. O Uraguay. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1941.
3 DREYES, Nicolau: Notícia descritiva da Província do Rio Grande de São Pedro do Sul. Porto Alegre: Nova Dimensão, /EDIPUCRS, 1990.
4 JACQUES, João Cezimbra. Assuntos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: ERUS, 1979, p. 30.
5 Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Delta, 1958.