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Síntese Histórica das Academias de Letras do RS - Moacyr Flores

30 de novembro de 2014


Ao longo do tempo, no Rio Grande do Sul, surgiram instituições que congregavam intelectuais, como a Sociedade do Partenon Literário (1868-1885) e, no mesmo período a Sociedade Ensaios Literários. No entanto, a primeira Academia Riograndense de Letras, tendo como modelo L´Académie des Lettres, fundada na França em 1635 com 40 literatos, denominados de imortais, criada em 1º.12.1901 e instalada no Clube do Comércio, em 10 de maio de 1902, contando com 15 sócios na capital e 10 no interior do Estado, entre eles Olinto de Oliveira, Aurélio de Bitencourt, Aquiles Porto Alegre, Apeles Porto Alegre, Alcides Maia, Joaquim Alves Torres e Zeferino Brasil.
Apesar de reunir intelectuais de projeção, que realizaram conferências eruditas sobre literatura, a primeira Academia Riograndense de Letras teve vida efêmera. Perderam-se seus livros de atas e a correspondência, restando apenas notícias de jornais.
Em 27.3.1910, o médico e escritor César de Castro convocou uma reunião preparatória para fundação de uma nova Academia, inteiramente separada da anterior. No ato de sua fundação, em 17.4.1910, no Clube do comércio, com grande número de pessoas, fundaram a Academia de Letras do Rio Grande do Sul (2ª). Ato contínuo, os novos acadêmicos aclamaram como presidente o doutor e poeta Mário Totta, e vice-presidente o poeta Zeferino Brasil. A instalação da nova Academia ocorreu em 11 de junho de 1910.
O poeta Fontoura Xavier, autor de Opalas, e adido à Legação do Brasil em Havana, aceitou ser sócio correspondente da Academia em 1.12.1910.
A Academia de Letras do Rio Grande do Sul (2ª) entrou em recesso em 1924.
Em 20.10.1932, um grupo de intelectuais fundou o Instituto Riograndense de Letras, em sessão solene na Biblioteca Pública Estadual. A novel instituição cultural, instalada em 1º.12.1932, tinha sua sede na Praça Parobé, nº 42. A extinção do Instituto ocorreu em fevereiro de 1934.
Intelectuais oriundos do Instituto Riograndense de Letras e dissidentes da 2ª Academia, fundaram em 15.8.1934, a Academia Riograndense de Letras (3ª).
A Academia de Letras do Rio Grande do Sul (2ª) voltou à atividade em 1936. Apesar das discordâncias e atividades em paralelo, existiam duas Academias, a de Letras do Rio Grande do Sul (2ª) e a Riograndense de Letras (3ª). Como se não bastasse, ambas as academias entram em polêmicas com uma nova academia que surge, reunindo mulheres intelectuais.
Lydia Moschetti convidou escritoras para uma reunião, em sua residência, em 12.4.1943 para fundarem a Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul (4ª). Estiveram presentes a pesquisadora Alzira Freitas Tacques, a cirurgiã-dentista Aurora Nunes Wagner e as poetisas Aracy Froes, Aura Pereira Nunes, Beatriz Regina e Stella Brum. A ALFRS, sem interrupção, continua produzindo palestras, saraus e a publicação anual da antologia Presença Literária.
Em novembro de 1942, a Academia de Letras do RS (2ª) e a Academia Riograndense de Letras (3ª), em sessão conjunta, prestaram expressiva homenagem ao poeta Zeferino Brasil, recentemente falecido. Os acadêmicos nomearam comissões para realizar a fusão das duas entidades. Os acadêmicos reuniram-se em salas do Instituto Histórico e Geográfico, em 18.6.1944, para realizarem sessão de extinção de suas academias para dar lugar à Academia única. Após lavradas as atas de extinção, os intelectuais se reuniram em sessão solene, sob a chefia do presidente do Instituto Histórico e Geográfico, para fundação e instalação da Academia Sul-Riograndense de Letras (5ª).
Em 6.5.1963, por unanimidade dos sócios, a entidade, considerando-se herdeira cultural da primeira Academia, retomou a denominação de Academia Rio-Grandense de Letras.
A Academia Rio-Grandense de Letras é filiada à Federação das Academias de Letras do Brasil e desde 1953 é de utilidade pública.
Em 1980, Dante de Laytano, presidente da ARL, conseguiu concretizar um antigo sonho dos acadêmicos: reiniciar a publicação da Revista da Academia Rio-Grandense de Letras, graças ao empenho dos acadêmicos Hélio Moro Mariante e Moacyr Flores, que formataram e revisaram os textos selecionados pela Comissão de Publicações. Em 2009 a Revista atingiu o número de 22 edições. Em 2000 a ARL publicou a Antologia Tomo I – Poesia. 
Desde dezembro de 2010 a ARL mantém o site www.arl.org.br, com informações sobre a Academia, patronos, sócios, artigos, relações de livros dos associados e notícias.
Sem sede própria os acadêmicos reuniam-se em sedes de outras instituições.  A luta por uma sede própria teve três momentos: 1º) O intenso e longo trabalho desenvolvido por Dante de Laytano; 2º) a concessão de uso da atual sede pelo governador Alceu de Deus Collares, graças à pertinaz insistência de Mila Cauduro e Francisco Pereira Rodrigues; 3º) A doação praticada pelo governador Antônio Brito, destacado o trabalho desenvolvido por Luiz Alberto Cibils, Rui Cardoso Nunes e Francisco Pereira Rodrigues.
Graças aos esforços de Dante de Laytano e de Francisco Pereira Rodrigues, o governador Dr. Alceu Collares, concedeu em comodato o conjunto 1002, no prédio Santa Cruz, Rua dos Andradas, 1234, em 1992. Finalmente o governador Antônio Britto concedeu o pequeno conjunto 1002 à Academia Rio-Grandense de Letras. Na pequena sede é mantida pinacoteca com obras doadas e biblioteca com livros de escritores rio-grandenses e da ilha dos Açores.
 
       Fontes:
       CLEMENTE, Elvo. Academia Rio-Grandense de Letras. Revista da Academia Rio-Grandense de Letras, 1997, Porto Alegre, Academia Rio-Grandense de Letras, nº 13, p. 11-14.
       FLORES, Hilda Agnes Hübner. Academias Literárias Femininas. FLORES, Hilda A. H. (Org.). Presença Literária, Porto Alegre: Nova Dimensão, 2000, p. 67-76.
       ________________.A sexagenária caminhada acadêmica. FLORES, Hilda A. H. (Org.) Presença Literária. Porto Alegre: Ediplat, 2003, p. 69-82.
       MACHADO, Propício da Silveira. Breve Histórico das nossas Academias de Letras. Revista da Academia Rio-Grandense de Letras, 1980, Porto Alegre, nº 1, p. 11 a 24. 
       MARIANTE, Hélio Moro. Memórias Acadêmicas. In Revista da Academia Rio-Grandense de Letras, 1989, Porto Alegre, Academia Rio-Grandense de Letras, nº 9, p. 14 a 87.

Academia Rio-grandense de Letras

PATRONOS

CADEIRA 8

José Teodoro de Souza Lobo

José Teodoro de Souza Lobo nasceu em Porto Alegre, capital gaúcha, em 07 de janeiro de 1848. Estudou no Colégio do Caraça, Minas Gerais, de 1855 a 1861. De volta à Porto Alegre, passou pelo Seminário Episcopal, formando-se Engenheiro Geógrafo no Rio de Janeiro, pela Escola Central.

Foi redator do jornal carioca Estréia Literária em 1864 e, em 1873, assumiu o cargo de professor da Escola Normal de Porto Alegre, tendo sido vice-diretor da mesma. Foi, ainda, inspetor escolar do Estado do Rio Grande do Sul e autor didático e pertenceu ao Partenon...

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